Respiradores, medicamentos de alto custo, monitores, computadores, macas, insumos e camas hospitalares ainda embalados, sem jamais terem sido usados. Esse foi o cenário encontrado pelo secretário estadual de Saúde, Carlos Alberto Chaves, em vistoria realizada ontem em um depósito em Manguinhos, na Zona Norte, onde estavam armazenados equipamentos comprados para os hospitais de campanha que deveriam ter funcionado para combater a pandemia de Covid-19. Dos sete planejados, apenas dois entraram em funcionamento — Maracanã e São Gonçalo — e com capacidade reduzida.
Segundo Chaves, esta foi a última de sete vistorias realizadas desde sábado em depósitos e almoxarifados ligados à Organização Social (OS) Iabas, contratada pelo governo estadual em março para a construção dos hospitais temporários, processo interrompido por suspeitas de corrupção. Alguns dos depósitos estavam instalados dentro do estádio do Maracanã.
— É uma situação muito grave, coisa que nunca vi em 46 anos de formado em medicina — afirmou o secretário, que fez críticas à gestão de Edmar Santos à frente da pasta: — Foi uso indevido do erário, se aproveitando de uma pandemia, isso é indesculpável — opinou.
No cargo há 27 dias, Chaves disse que vai destinar o material encontrado para unidades de saúde do estado a partir da próxima semana, após a realização de um inventário que vai apurar se algum equipamento comprado foi desviado. Esse trabalho deve ser concluído até a próxima sexta-feira.
— Tem servidor de computação que estamos precisando, centenas de computadores, respiradores, desfibriladores, muitas caixas de insulina — relatou.
Em nota, a secretaria de Saúde afirmou que a destinação dos materiais encontrados dará prioridade à abertura de novos leitos e à reposição de equipamentos desativados. Segundo a pasta, um relatório sobre tudo o que foi encontrado será enviado aos órgãos de controle.
Segundo o secretário de Saúde, Carlos Alberto Chaves, além dos depósitos relacionados às ações de combate à Covid-19, também foram encontrados numa vistoria feita na Central Geral de Abastecimento da pasta, localizada em Niterói, 300 toneladas de medicamentos fora do prazo de validade.
Os remédios são os mesmos que já haviam sido encontrados no local em fevereiro de 2016 e que deveriam ter sido incinerados por estarem fora do prazo de validade já naquela época. Em janeiro daquele ano, fiscalização do Ministério Público descobriu mais de sete mil itens que deveriam ser usados em cirurgias vencidos.
Ontem, Chaves afirmou que vai determinar uma sindicância para apurar por que os medicamentos continuavam estocados.
Fonte Jornal Extra