Jornal Povo

Funcionários concursados e terceirizados protestam contra fechamento do Hospital de Bonsucesso

Cerca de 70 pessoas, entre funcionários concursados e terceirizados, fazem, na manhã desta sexta-feira, um protesto em frente ao Hospital Federal de Bonsucesso, naquele bairro da Zona Norte do Rio, contra o fechamento da unidade. O grupo está com cartazes e uma caixa de som.

Cinco minutos depois um carro com representantes do Ministério da Saúde chegou ao local e foi impedido de entrar pelos manifestantes, que cercaram o automóvel. Após um tumulto, os funcionários entraram no hospital atrás do carro.

“Está tendo uma reunião com o corpo clínico (agora) e eles disseram que o hospital não vai fechar. A população da Zona Norte não pode ficar sem o trabalho desses profissionais que estão aqui há mais de 40 anos. Não vamos deixar fechar”, gritou um funcionário do hospital em um carro de som.

Manifestantes cercam o carro do Ministério da Saúde
Manifestantes cercam o carro do Ministério da Saúde Foto: Rafael Nascimento de Souza 

Pouco depois das 9h30, várias viaturas da Polícia Militar chegaram ao hospital, e os agentes entraram na unidade, que é de jurisdição federal. Os cerca de 50 manifestantes que entraram no hospital tentaram a entrar no prédio da administração. Houve confusão. Trinta minutos depois de os servidores terem entrado na unidade, os PMs deixaram o local.

Luciene Silva, técnica de enfermagem há 14 anos no hospital, disse que os funcionários querem transparência por parte dos gestores da unidade:

— Estamos pedindo transparência do hospital porque nenhum laudo dos bombeiros foi enviado ainda e já há articulação, pelo Ministério da Saúde, para o remanejamento de todo o (a equipe do) hospital. Sobre férias coletivas, eles não falaram nada. Só ficamos sabendo pela imprensa sobre esse pedido de férias coletivas. Mas, internamente, já sabemos que há documentos pedindo informações a outros hospitais federais e institutos o número de funcionários que eles precisam. Então, entendemos que o RH do HFB está sendo desmontado sem que seja dada nenhuma satisfação para a gente. Pedimos clareza, porque já há documentos pedindo a nossa relaocação em outras unidades federais.

Ela disse não entender a razão para que os prédios que não foram atingidos pelas chamas estarem sem funcionar.

— Prédio que não foram afetados estão fechados e não há explicação do motivo de eles pararem os serviços. Hoje uma pessoa veio aqui pegar medicação oncológica e não conseguiu. Queremos saber o que está acontecendo com o nosso hospital porque somos uma comunidade, um complexo hospitalar. Só queremos transparência, já que não há laudo — afirmou.

Luciene diz que tanto ela como os demais funcionários acham prematura qualquer iniciativa no sentido de fechar o Hospital de Bonsucesso:

— Estamos aqui contra o fechamento, que endemos que é prematuro. E questionamos a paralisação de serviços. O por que de estarem fechados nesse momento por tempo indeterminado.

PF e Defesa Civil estão no hospital

Às 8h55, uma viatura da Polícia Federal chegou ao HFB. A assessoria da corporação informou, em nota, que peritos acompanham o trabalho da empresa contratada pelo hospital para fazer o escoramento de parte do prédio onde ocorreu um incêndio, na última terça-feira. De acordo com a PF, após a conclusão do escoramento, a realização da perícia “terá início imediatamente”.

Às 10h, três funcionários da Defesa Civil chegaram ao HFB para avaliar as condições da estrutura do prédio. Assim que os engenheiros liberarem o local, os agentes da Polícia Federal começarão a analisar o que aconteceu no espaço onde fica o almoxarifado.

Tragédia deixou quatro mortos

Quatro pessoas morreram na tragédia do Hospital de Bonsucesso. A última vítima foi uma idosa de 73 anos, que havia sido transferida para o Hospital municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio.

Núbia Rodrigues, de 42 anos, era radiologista em outra unidade e havia sido internada com sintomas de coronavírus. Os outros mortos foram Eleozinha Sant’Ana de Aguiar, de 83 anos, que também tinha a doença, e o garçom Marco Paulo Luiz, de 39 anos.

Fonte: Jornal Extra