O assassinato da cabo eleitoral Renata Castro, em Magé, na Baixada Fluminense, deixou a cidade consternada. O corpo dela foi enterrado na manhã deste sábado (31) no Cemitério Raiz da Serra, que precisou reforçar a segurança. Poucas pessoas quiseram falar sobre o crime e os moradores revelaram que a disputa eleitoral no município tem sido marcada por violência e ameaças.
A polícia não descarta nenhuma hipótese sobre a motivação para o assassinato de Renata, que fazia campanha eleitoral para a família Cozzolino, que disputa a disputa pela prefeitura. A principal linha de investigação é a de crime político. Mas os investigadores também consideram a possibilidade dela ter sido morta por vingança.
A Polícia Federal informou que vai reforçar a segurança na cidade durante as eleições.
O caso deixou a população alarmada. Para o deputado estadual Vandro Família, do Solidariedade, o crime choca pela crueldade com a qual foi executado.
“A gente fica triste porque a democracia acaba, perde para a violência. Acho que se alguém fala alguma coisa da gente, a gente deve processar, a gente vai lá na delegacia, vê os meios legais e processa a pessoa. Mas chegar ao extremo de pegar uma mulher e fazer o que fizeram, com mais de 15 tiros, para mostrar que é o dono do poder, que manda, que ninguém pode contra essas pessoas que fizeram isso”, disse o parlamentar.
Segundo testemunhas do assassinato de Renata Castro, os tiros partiram de um carro abandonado num ferro-velho no bairro Ponte Preta. Uma câmera de segurança filmou o veículo no momento do assassinato.
Amigos próximos de Renata insistem que o assassinato teve motivação política.
“A última caminhada que a gente fez na rua passou um carro perto dela, passou uns caras de moto. E ela falava que não tinha medo, falava que não tinha medo de ninguém. O tempo todo chegava recado para ela. Uma ameaça, alguma coisa. Para ela tomar cuidado, porque fulano e beltrano estavam insatisfeitos”, disse um amigo que não quis se identificar.
Responsável pela fiscalização da propaganda eleitoral em Magé, o juiz da 148ª ZE, Vítor Moreira Lima, afirmou que não é possível afirmar que a morte de Renata Bezerra teve motivação eleitoral.
“Apesar de a vítima ter proximidade com vários políticos de Magé, é cedo e temerário dizer que há relação com o pleito”, diz. “Os fatos que circundam esse evento brutal levam a crer que se trata de um crime vinculado à esfera da Justiça Comum”, disse o magistrado.
Eleições marcadas por violência em Magé
Renata Castro não é a primeira vítima ligada à política em Magé. Nos últimos 13 anos, oito políticos do município foram mortos. E esse ano a campanha está sendo marcada por violência e ameaças.
“Muitas pessoas desistem da política em Magé por causa do medo, das ameaças de morte. Ninguém pode abrir a boca para falar nada. Até em rede social, se alguém publicar alguma coisa, ninguém compartilha, ninguém comenta, ninguém curte, ninguém faz nada”, disse um morador.
Um candidato, que por questões de segurança, não quer ser identificado, diz que nem sempre é possível fazer campanha nas ruas.
“É problemático. Existe algumas restrições e a gente tem que ter muita cautela quando for entrar em determinados bairros para poder pedir o voto, né? Você pode ser candidato, mas se você tiver muita coragem e disposto a morrer, né? Porque eles matam mesmo. Brincando. Aqui é a cidade do crime e não tem punição pros criminosos. A verdade é essa”, disse o candidato.
Fonte: G1