Jornal Povo

Alan Kardec vira maior artilheiro do Chongqing, mas pode deixar clube por salários atrasados

O gol marcado na vitória sobre o Shanghai Shenhua, no último domingo, transformou Alan Kardec no maior artilheiro da história do Chonqing Lifan, mas pode ser um dos últimos do atacante no clube chinês. Disputando a reta final da liga, na disputa pelo quinto lugar, o brasileiro chegou a 56 gols em 106 jogos com a camisa do clube e atingiu a marca histórica, mas vem vivendo um drama nos bastidores: o elenco do Chonqing acumula cinco meses de salários atrasados, o que pode fazer o jogador mudar de ares em 2021.

O clube trocou de donos no ano passado e vem vivendo uma gestão conturbada, que acabou protagonizando problemas dificilmente vistos no futebol da China nos últimos anos. A diretoria chegou a ficar sete meses sem pagar os jogadores, e recentemente conseguiu acertar dois meses de salário. Entretanto, ainda deve cinco vencimentos aos atletas, mesmo em meio à disputa da Superliga da China.

No próximo dia 10, o acúmulo de atrasados chegará a seis meses. O problema se intensifica para os estrangeiros, uma vez que o clube não paga há 11 meses um imposto necessário para que o governo chinês libere a transferência do pagamento dos atletas para seus países de origem. Desta forma, Alan Kardec e seu empresário, Marcos Casseb, vêm conversando sobre o futuro do jogador, que cogita deixar o clube ao fim da temporada – embora tenha contrato até 2022.

– Ele pode sair livre, se acionar a Fifa. Não é a ideia brigar, sair pela porta dos fundos. A gente está tentando conversar com o clube para ver o que podem fazer para não chegar nesse estágio de ter que entrar na Fifa. Pelo desrespeito, pela falta de pagamento, ele pode sair. Mesmo ele sendo capitão, jogando bem. Ele gosta da cidade, a família está adaptada, mas está se tornando insustentável – explica Casseb.

O agente diz que, além do atraso no salários e do dinheiro preso na China pelo não-pagamento dos impostos, a direção do clube tem mostrado pouca ambição esportiva, o que estaria incomodando o elenco, que ainda conta com os brasileiros Marcelo Cirino, Marcinho e Fernandinho. Depois de a equipe conseguir se classificar para a fase final da Superliga da China neste ano, o Chonqging Lifan emprestou atletas para equipes que lutavam contra o rebaixamento para diminuir os problemas financeiros – deixando de lado a luta pelo título.

O Campeonato Chinês teve seu formato modificado por conta da pandemia da Covid-19, abrindo chance para equipes de menor porte sonharem com uma conquista. Costumeiramente disputada em pontos corridos, com dois turnos, a competição teve as 16 equipes divididas em dois grupos de oito equipes, que se isolaram em bolhas nas cidades de Suzhou e Dalian. Os quatro melhores avançaram às quartas de final, e todas as eliminatórias foram disputadas em ida e volta.

Chongqing Lifan chegou às quartas de final da Superliga da China, apesar da crise — Foto: Getty Images
Chongqing Lifan chegou às quartas de final da Superliga da China, apesar da crise — Foto: Getty Images

Apesar da crise fora de campo, o Chongqing Lifan conseguiu avançar à fase de mata-mata, com a terceira colocação do grupo B, e caiu nas quartas de final diante do Jiangsu Suning – que disputará a decisão contra o Guangzhou Evergrande. Alan Kardec marcou oito gols em 13 jogos na campanha e, aos 31 anos, pensa em permanecer na China por mais alguns anos.

Outras equipes do país já manifestaram interesse na contratação do atleta, e a permanência no país é o futuro mais provável mesmo em caso de mudança de destino na carreira. Tudo será resolvido ao fim da temporada, nas próximas semanas, quando o Chongqing enfrentará o Shandong Luneng em confronto de ida e volta, valendo o quinto lugar da liga. Então, os atletas entrarão de férias, e as conversas com o clube sobre o futuro do atleta se intensificarão.

Fonte: Ge