Jornal Povo

Cineasta Cadu Barcellos é morto a facadas no Centro do Rio

O cineasta Cadu Barcellos, de 34 anos, foi morto a facadas no Centro do Rio, na madrugada desta quarta-feira. O crime aconteceu na Avenida Presidente Vargas, esquina com a Rua Uruguaiana.

Ele estava no local após deixar a Pedra do Sal, no Santo Cristo, com uma amiga, que seguia para a Zona Sul em um carro de aplicativo. O cineasta foi esfaqueado por volta das 3h30. Ele chegou a ser visto gritando por socorro, mas não resistiu, tendo morrido ao caminhar alguns metros e cair, segundo o G1. Policiais do 5º BPM (Praça da Harmonia) foram acionados, mas já o encontraram no chão.

O cineasta Cadu Barcellos, de 34 anos, foi morto após ser esfaqueado
O cineasta Cadu Barcellos, de 34 anos, foi morto após ser esfaqueado Foto: Redes sociais / Reprodução

O cineasta deixa a esposa e um filho de 2 anos.

O cineasta Carlos Eduardo Barcellos Sabino se destacou, entre outras produções, como diretor e argumentista do episódio “Deixa voar”, que compõe o longa “Cinco vezes favela – Agora por nós mesmos”, de 2010, produzido por Carlos Diegues e Renata Almeida Magalhães. A obra foi escolhida para a Seleção Oficial do Festival de Cannes, no mesmo ano.

Cadu Barcellos também assinou direção e roteiro da série “Mais x favela”, de 2011, do canal a cabo Multishow, e integrou a equipe do documentário “5x Pacificação”, de 2012.

Atualmente, era assistente de direção no Porta dos Fundos, no programa “Greg News”, na HBO.

Atento ao dia a dia da favela, foi o criador do Maré Vive e promovia, desde os 17 anos, cursos de internet e audiovisual em diversas ONGs do Rio.

Como dançarino, participou do Corpo de Dança da Maré dirigido pelo coreógrafo Ivaldo Bertazzo, por 3 anos, com espetáculos que rodaram o país, no qual atuava e dançava.

Homenagens

A notícia da morte de Cadu Barcellos foi recebida com espanto e pesar por amigos e coletivos. “Carismático” e “inspirador” foram algumas das maneiras de descrever o cineasta, engajado em espalhar arte nas comunidades através de projeto e ao retratar em suas obras.

A Redes da Maré, instituição atuante no complexo de favelas a mais de 20 anos, publicou em uma rede social disse estar de luto pelo assassinato de Cadu. A mensagem desta o trabalho do rapaz:

“Hoje a #RedesdaMaré amanhece em LUTO pelo assassinato brutal do jovem e nosso querido amigo Cadu Barcellos. Nosso amor a família, que faz parte da nossa história, aos amigos e parceiros desse jovem que tanto produziu pelo nosso território e é fruto da nossa crença e certeza de que a favela , acima de tudo, é potência e inventividade.”

Ativista, gestor de projetos sociais do terceiro setor e produtor cultural, Raull Santiago contou em suas redes sociais a influência de Cadu em seus projetos, todos voltados a atender moradores de favela e a fomentar a cultura local. Raull foi aluno do cineasta na Escola Popular de Comunicação Crítica (ESPOCC) e teve, no rapaz, uma das primeiras referências como agente de transformação social. Da relação profissional nasceu uma amizade.

“[QUE PERDA INESTIMÁVEL]

Cadu Barcellos foi meu professor na ESPOCC – Escola Popular de Comunicação Crítica. Uma das primeiras referências que tive de uma pessoa jovem e de favela, fazendo a diferença no a partir do local onde vivia. Carismático, empreendedor e inspirador, me ajudou muito nessa vida. Ajudou literalmente, de bom ouvinte, bom conselheiro, até emprestar grana em momentos que passei muito mais perrengue no passado. Cadu me inspirou de muitas formas e foi uma daquelas pessoas que eu olhava lá em cima, grande, potente, trilhando um caminho que abriu portas para a favela. Eu realmente estou sem chão! Minhas amizades dessa época estão entre as minhas maiores inspirações vivas. E você foi importante para eu chegar nos lugares que estou hoje, irmão. Que dia terrível. Obg por tanto, mano. Valeu, Cadu!”, publicou Raull Santiago.

Fonte: Jornal Extra