Condenados por chefiar quadrilhas de milicianos e apontados como fundadores da chamada Liga da Justiça, os irmãos Natalino e Jerominho Guimarães foram alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (12). Não houve mandados de prisão.
Segundo a PF, a Operação Sólon investiga uma suposta lavagem de dinheiro do grupo paramilitar para financiar campanhas eleitorais no Rio.
Segundo as investigações, Jerominho e Natalino estariam almejando cargos no Legislativo e no Executivo, nas eleições de 2020, para retomar o poder que possuíam na Zona Oeste.
Os irmãos não são candidatos. Carmen Gloria Guinancio Guimaraes Teixeira, a Carminha Jerominho, filha de Jerominho, disputa uma vaga na Câmara de Vereadores do Rio pelo Partido da Mulher Brasileira (PMB).
Doze mandados de busca e apreensão foram expedidos pela 16ª Zona Eleitoral. A Justiça não emitiu mandados de prisão porque a lei eleitoral restringe detenções na semana do pleito — apenas pegos em flagrante são presos.
A operação mobilizou 85 policiais federais, que foram procurar provas nas casas dos suspeitos, em comitês de campanhas e em empresas ligadas aos envolvidos.
Em um dos endereços, agentes apreenderam dinheiro em espécie e material de campanha de Carminha (veja no vídeo acima).
A PF fez uma operação semelhante nesta quinta em Barra do Garças, no Mato Grosso. Uma das investigadas no MT foi candidata ao cargo de vereadora em Nova Iguaçu em eleições passadas. Ela foi presa em flagrante por ter tentado destruir um aparelho celular que já se encontrava apreendido.
Enquete interna
As investigações da PF apontam que criminosos, por meio de aplicativos e redes sociais, escolhiam candidatos através de enquetes realizadas com os membros do grupo.
Depois, ainda segundo a apuração, financiavam e patrocinavam a campanha eleitoral dos candidatos e espalhavam mentiras sobre as eleições.
Uma análise de relatórios de inteligência financeira apontou movimentações atípicas nas empresas ligadas aos investigados. A PF suspeita que tais valores foram destinados aos gastos de campanhas eleitorais.
Da Liga da Justiça a Ecko
Os irmãos são apontados como fundadores da Liga da Justiça, que deu origem à maior milícia em atividade no RJ, e ficaram presos por 11 anos — ambos foram soltos em 2018.
O grupo, segundo o Ministério Público (MP), usava o símbolo do super-herói Batman para marcar as casas e estabelecimentos comerciais que pagavam pelos “serviços” dos milicianos.
De acordo com a denúncia do MP, quem se recusava a pagar sofria violência ou era assassinado.
A Liga da Justiça chegou ao seu auge em 2007, com assassinatos e controle econômico da região.
Na época, os chefes da milícia eram Ricardo Teixeira Cruz, o Batman; Toni Ângelo Souza Aguiar, o Toni Angelo; e Marcos José de Lima, o Gão, todos ex-policiais — assim como os irmãos Guimarães.
Com o trio preso após operações em 2007 e 2008, a configuração da milícia mudou. Carlinhos Três Pontes passou a liderar o grupo. Diferente dos antecessores, ele era ex-traficante do Morro Três Pontes, em Santa Cruz, e tornou-se o chefe do grupo até ser morto.
Nessa época, o irmão de Carlinhos, Wellington da Silva Braga, o Ecko, assumiu a liderança da Liga da Justiça. Atualmente, o nome do grupo faz referência ao líder: Bonde do Ecko.
Fonte: G1