A Polícia Civil vai investigar uma informação que circula nas redes sociais de que traficantes do Complexo do Alemão estão colando adesivos em carros com uma regra para permanência do automóvel na comunidade. Sob ameaça de sofrer “prejuízos”, proprietários estão sendo advertidos a não estacionar na Rua Canitar, uma das principais do conjunto de favelas, se os vidros do veículo forem revestidos de película escura.
“Atenção. Proibido estacionar carro com vidros escuros na Rua Canitar. Por favor, respeite as normas ou terá prejuízos no seu veículo! Obs.: Está autorizado estacionar carros com vidros claros, somente claros!”, diz o texto em letras garrafais.
Ontem à tarde, a foto de um carro adesivado começou a circular em aplicativos de mensagens e nas redes sociais, gerando revolta: “Foi aqui no Complexo do Alemão. Cada lugar tem sua lei”, comentou um morador do Twitter. “Absurdo”, respondeu outro usuário da rede. “Essa Rua Canitar é perigosa há mais de 18 anos. O Rio já era”, opinou um terceiro.
Entre moradores e comerciantes, a notícia de que carros estariam sendo adesivados também se espalhou. Mas eles relatam que a regra em si não é novidade.
— O que me disseram é que o adesivo existe. Mas a gente que é lojista sabe que no entorno da comunidade tem essa proibição e passa pros clientes que eles não podem entrar com insulfilm — contou um comerciante, que não quis se identificar.
Outro comerciante, que também mora na região confirma a informação:
— Quem é daqui conhece as regras. Se o vidro for escuro, tem que abrir as janelas. As pessoas já aprenderam.
O secretário de Polícia Civil, Allan Turnowski, disse que vai determinar a abertura de uma investigação para apurar a denúncia.
— Mostra o desrespeito do tráfico no tratamento da população, que já tem restrições no seu direito de ir e vir, agora aumentadas por não terem direito de usar insulfilm. Só mostra como os moradores são reféns dos criminosos — afirmou ele.
A Rua Canitar é uma das principais referências do Alemão pela alta concentração de comércio, serviços e igrejas. Ela vai de Inhaúma a Ramos.
Fonte: Jornal Extra