Jornal Povo

Atordoado e inofensivo, Flamengo vai à lona e sequer esboça reação em primeiro nocaute de 2020

Inofensivo no ataque, frágil na defesa e desestruturado psicologicamente. Os sintomas não são novos, mas o Flamengo segue sem encontrar caminho para cura do mal que desestruturou o elenco supercampeão de 2019. A eliminação na Copa do Brasil para o São Paulo só deu ares ainda mais dramáticos para a situação de um time que em momento algum deu indícios de que daria a volta por cima no Morumbi.

Os números vão dizer que foi o Flamengo quem mais teve a bola, quem mais finalizou, quem mais trocou passes. Ok. Mas o máximo que Tiago Volpi aparecerá nos melhores momentos é no salto para a esquerda enquanto Vitinho isolava pênalti nas alturas.

A atuação organizada no primeiro tempo foi suficiente para dar a impressão de que dominava o jogo. O São Paulo, por sua vez, controlava o placar já favorável após a vitória no Maracanã. Por sinal, comparar os primeiros tempos dos dois jogos seria elogio demais para um Flamengo mansinho, mansinho no jogo de volta.

Rogério Ceni, técnico do Flamengo, na partida contra o São Paulo — Foto: Marcos Riboli
Rogério Ceni, técnico do Flamengo, na partida contra o São Paulo — Foto: Marcos Riboli

Se na ida houve chances claras desperdiçadas, gols anulados e pressão, no Morumbi o Flamengo foi presa fácil para ajustada marcação são-paulina. Com Arrascaeta no ataque e Arão muito recuado para auxiliar na saída de bola, Gerson tinha que se virar para ligar as pontas com o auxílio de Vitinho e Michael muito apagados.

Faltou criatividade, faltou dinâmica, faltou intensidade para um Flamengo que teve em Matheuzinho pela direita sua melhor opção. Nada que assustasse o São Paulo, que, pelo menos, também não levava perigo.

Rogério tentou dar uma luz ao meio-campo na volta do intervalo com Everton Ribeiro no lugar de Michael, mas o segundo tempo não durou nem dez minutos em competitividade. Na verdade, três. Tempo para Luciano abrir o placar e levar o Flamengo à lona.

Bruno Henrique e Ribeiro abalados em campo — Foto: Marcos Ribolli
Bruno Henrique e Ribeiro abalados em campo — Foto: Marcos Ribolli

O impacto emocional do gol no time era evidente a cada imagem fechada no rosto de jogadores cabisbaixos. Faltava concentração, sobrava espaço, e o São Paulo percebeu. Reinaldo cruzou, a defesa se perdeu na ação da linha de impedimento (como no primeiro gol) e Luciano testou: 2 a 0.

A esta altura, o Flamengo tentava somente diminuir a tragédia. Mas piorou! Vitinho isolou pênalti, Arão errou passe na defesa e Pablo ainda fez o terceiro.

O Flamengo imponente e vencedor está atordoado. Só do São Paulo, foram nove gols sofridos em três jogos em um novembro onde problemas se empilham em meio a decisões.

Os desfalques se juntam a jogadores à disposição com a autoconfiança destroçada. Gustavo Henrique, Léo Pereira, Vitinho, Michael e Lincoln entram em campo no limite do erro, e não têm lidado bem com isso.

Desafio de sobra para um Rogério Ceni que ainda tem uma Libertadores e um Brasileirão no horizonte, mas que está mais preocupado agora em encontrar um rumo para um time desnorteado.

Fonte: Ge