“O Botafogo tem time para disputar o Brasileirão com tranquilidade”. O pensamento compartilhado repetidas vezes no primeiro turno torna-se indefensável após nova derrota para um adversário direto. O revés por 2 a 1 para o Fortaleza na noite do último domingo, no Estádio Nilton Santos, afunda a equipe alvinegra na tabela do campeonato e complica ainda mais o ambiente interno já instável.
Não dá mais para esperar. A mudança, dentro e fora das quatro linhas, precisa acontecer de forma urgente. O que vai salvar o Botafogo? As oito vitórias projetadas pelo auxiliar técnico Emiliano Díaz nos 17 jogos que restam? Não apenas isso. Não basta “arrumar a casinha”, passou da hora de uma reforma geral.
Há um mês, o ex-presidente e membro do comitê executivo de futebol, Carlos Augusto Montenegro, não poupou palavras para dizer que o Botafogo está falido. O clube só consegue cumprir os compromissos básicos do dia a dia com a ajuda de cardeais, que seguem emprestando dinheiro do próprio bolso.
A transformação do clube em empresa, vista como a principal salvação, caminha a passos lentos enquanto o Botafogo precisa urgentemente de dinheiro novo para ter alívio e margem para crescer. A S/A seria a solução ainda para uma gestão profissional.
O sufoco interno reflete no que se vê dentro de campo. O planejamento do Botafogo para a temporada 2020 foi feito em meio a equívocos seguidos. Com 25 contratações, o clube não conseguiu qualificar o elenco a ponto de dar opções variadas de jogo para a comissão técnica, ou melhor dizendo, comissões técnicas, já que Ramón Díaz é o quarto treinador alvinegro no ano.
- Botafogo tem somente três vitórias em 21 jogos no Brasileirão
- Rei dos empates: time empatou 11 vezes na competição
- Equipe venceu apenas um adversário da segunda metade da tabela
- Planejamento equivocado: Botafogo teve quatro técnicos e 25 reforços em 2020
- Salários em dia: por decisão judicial, clube consegue pagar atletas e funcionários
- Falta dinheiro para manter funcionamento do clube e pagar contas básicas, como água e luz
- Em meio às dificuldades em campo, Botafogo escolherá próximo presidente nesta terça
- E a S/A? Projeto do clube-empresa caminha lentamente e será desafio para o novo presidente
- Estrutura: Botafogo não tem recursos para terminar centro de treinamentos
Na pressa de dar uma resposta ao torcedor, o Botafogo conseguiu se complicar cada vez mais dentro de campo. Eliminado da Copa do Brasil, o time não apresenta um padrão de jogo consistente e parece cada dia menos confiante para buscar as vitórias no Campeonato Brasileiro.
O medo de perder é justamente um dos motivos que faz o Botafogo perder. Contra o Fortaleza viu-se um time que pouco arriscou e, mais uma vez, teve sérias dificuldades de criar jogadas ofensivas. Passes de segurança, com a bola tocada para os lados, poucas chances perigosas, lentidão na transição, espaços na defesa e insistência no chuveirinho, com cinco cruzamentos certos em 40 bolas levantadas, foram a marca do time em campo.
Em 19º lugar com 20 pontos e um jogo a menos, o Botafogo ainda tem pela frente no Brasileirão uma sequência dura: Atlético-MG (fora), Flamengo (casa), São Paulo (fora) e Internacional (fora).
Em meio aos incontáveis problemas, o Botafogo vive nesta terça-feira momento crucial longe dos gramados. Alessandro Leite, Durcesio Mello e Walmer Machado disputam a presidência do clube, cargo que deve ser ocupado com responsabilidade no momento em que o Bota mais precisa de ajuda.
O trabalho do próximo presidente será enorme, e fazer o futebol competitivo novamente talvez não poderá estar entre as prioridades de um clube com uma dívida milionária. O torcedor precisará de muito mais paciência.
Fonte: Ge