RIO E SÃO PAULO — Os desafios para os próximos prefeitos do Rio e de São Paulo são tão superlativos quanto a importância das duas maiores cidades do país. Pautas como as consequências da pandemia na Saúde e na Educação e a redução da pobreza, assim como a busca de soluções para a mobilidade urbana, são pontos em comum entre ambas as metrópoles. Mas cada uma também precisa dar respostas a agendas locais, como a urgente reversão na degradação do sistema de BRTs no Rio, ou propostas mais humanizadas e eficazes para a cracolândia paulistana.
As prioridades foram elencadas junto com especialistas, associações, federações e instituições sociais, além da consulta a documentos e bancos de dados oficiais.
Na Saúde, a Associação dos Médicos de Família e Comunidade do Rio identifica necessidades como a retomada de uma trajetória de aumento da cobertura da saúde básica, que nos últimos sofreu com demissões, atrasos de salários e contratos precários.
Já na economia da cidade, fragilizada pela pandemia, a Fecomércio-RJ lembra que, antes mesmo do coronavírus, o Estado do Rio apresentava um crescimento da informalidade quase cinco vezes maior que no resto do Brasil.
— E como a capital concentra dois terços da economia fluminense, grande parcela desse aumento está na cidade do Rio. Isso torna urgente um plano para criar empregos formais — diz João Gomes, diretor do Instituto Fecomércio de Pesquisas e Análises (IFec-RJ).
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAged), do governo federal, apontam para o tamanho do buraco. Entre admissões e desligamentos no acumulado do ano até outubro, a cidade do Rio teve um saldo de menos 113.222 postos de trabalho com carteira assinada — em números absolutos, é o pior resultado do país.
Para modificar o quadro, entidades como o Hotéis Rio apontam o turismo como um caminho óbvio. O sindicato elaborou um documento com reivindicações para 2021. Mas é preciso atuar contra passivos como a insegurança e a degradação do meio ambiente.
Nesse ponto, do biólogo Mario Moscatelli ao arquiteto e urbanista Pedro da Luz, todos falam a mesma língua: as diferentes esferas de governo devem juntar esforços para investimentos em saneamento, que não só melhora as condições de vida da população, como também reduz a poluição nas praias, baías, lagoas e rios, cartões-postais cariocas.
Em São Paulo, o saneamento também é um problema, ainda que a cidade tenha índices de coleta e tratamento de água e esgoto acima da média nacional. Toneladas de esgoto são despejados diariamente na natureza. Com um orçamento reduzido em R$ 1,9 bilhão em 2021 em relação a este ano, pela menor arrecadação de impostos, ações e investimentos para acesso da população a recursos básicos, em paralelo com as demais áreas de atenção, deverão ser pensados com cautela.
Fonte: o Globo