Novas gravações divulgadas mostram Robinho conversando com amigos também envolvidos no caso de estupro que levou o jogador a ser condenado em segunda instância, na última quinta-feira, pela Justiça italiana. Nos trechos obtidos pelo “UOL”, o brasileiro usa termos depreciativos e ri ao descrever os acontecimentos daquela noite.
Nas conversas telefônicas gravadas com autorização judicial, o atacante mostra preocupação com a possibilidade da vítima estar grávida, e aconselha o amigo Ricardo Falco, outro condenado, a voltar para o Brasil e evitar uma possível prisão na Itália.
As conversas de Robinho com amigos teriam acontecido cerca de um ano após o crime, e foram anexadas ao processo pela defesa do jogador. As transcrições dos áudios foram realizadas por um profissional contratado pelos advogados do brasileiro, que alegaram erros de tradução da língua portuguesa para a italiana nas falas interceptadas como uma tentativa de reverter a condenação.
A Justiça italiana não considerou os argumentos da defesa relevantes o suficiente, e confirmou a condenação de Robinho e Falcon por estupro coletivo também em segunda instância. A defesa ainda irá recorrer da condenação na Corte de Cassação, terceira e última instância do sistema judiciário do país europeu. A previsão é de que a nova decisão saia em 90 dias. Mas o caso ainda pode se estender por até mais um ano.
Em 2013, quando Robinho jogava no Milan, ele e um grupo de amigos mantiveram relações sexuais com uma mulher de 23 anos em uma boate da cidade. A vítima, que estaria bêbada e sem condições de consentir com a relação, foi à polícia denunciar. Após tomar conhecimento do avanço das investigações, o jogador conversou por telefone com amigos no Brasil que também tinha participado do ato.
Os trechos abaixo trazem descrições explícitas e depreciativas de cenas de abuso sexual, além de linguagem chula. Recomenda-se cuidado a pessoas sensíveis ao tema.
“Se os caras mandarem eu ir lá depor vai ser foda, vou falar o que pra minha nega? […] Vou lá depor pra quê? Oito cara rangaram a mina […]. Ó que fase que eu tô”, disse Robinho,
No processo, o jogador afirma não ter tido relação com penetração com a mulher, e que teria apenas recebido sexo oral dela. Em conversa interceptada, Robinho confirma que viu os amigos com a moça, usa termos jocosos e ri ao descrever o ato:
Robinho: […] eu lembro que foi, quem tava desesperado era [amigo 3] e [amigo 2] em cima da mina. [amigo 3] e [amigo 2] tava num desespero da porra.
Amigo 1: Neguinho vai, quando eu cheguei lá os cara tava trabalhando já, eu só entrei no trabalho.
Robinho: Então, eu também, porque eu nem consegui tirar o doze, mano, fazer o que, agora os caras (Risos). (Doze seria uma referência ao órgão sexual masculino).
Amigo 1: Os caras tavam trabalhando já, eu só fui dar uma força.
Robinho: (Risos) trabalhando… (Risos)
Amigo 1: é, mano, por mim já tinha ido embora já, eu queria ir embora.
Robinho: Quero vê se a mina tá com um carnê, aí eu quero vê mano.
Amigo 1: Puta aí o bicho pega, pega pra todo mundo.
Robinho: Pra todo mundo não, eu não ranguei, eu tenho certeza que eu não tenho nada, agora quem rangou, que foi você que eu vi, eu sei…
Amigo 1: Eu tava de caneleira, eu tava com caneleira, né. (Caneleira seria uma referência a preservativo).
Em outro trecho mostra preocupação sobre uma possível gravidez da vítima:
Amigo 1: Neguinho, por exemplo, se a mina não teve, não pega nada, mas se ela teve filho aí é DNA, né?
Robinho: então, e agora mano? Vai entender se a menina teve filho. Ninguém sabe se ela teve, se ela não teve, a polícia não vai falar.
Amigo 1: Então, por exemplo, se ela não teve filho é a palavra dela contra a da gente, não tem como ela acusar, agora se ela teve filho é puxado hein.
Robinho: É, então, mas eu não sei se a menina teve ou se não teve […] o cara que o Jairo (músico que tocava na boate no dia do crime) contratou falou assim: “-ó, a única coisa boa é que os caras tá lá no Brasil e na discoteca não tinha câmera, porque se pegasse a câmera os caras iam pegar eles”.
O atacante brasileiro também demonstrava preocupação com a possibilidade de a investigação se tornar pública, temendo que isso pudesse atrapalhar sua carreira:
Robinho: […] eu tô com medo se os caras me chamarem para depor, eu não sei, tomara a Deus que, o meu medo é esse, o meu medo é sair na imprensa, “Amigos de Robinho estupraram menina lá na Europa”, meu medo é esse.
Amigo 1: Nossa.
Robinho: Ó a falha, ó a falha, foda mano, tô com a cabeça um trevo aqui mano.
Amigo 1: Agora até a minha ficou. Se sair no, no, Globo.com, cai todo mundo por tabela…
Robinho também tinha receio de que Ricardo Falco fosse preso pela polícia italiana. No trecho, ele fala sobre ter aconselhado o amigo a não prestar depoimento às autoridades e que fosse direto para o Brasil para evitar uma possível prisão.
Robinho: […] aí os caras ligou e falou para o [apelido de Ricardo] ir depor segunda-feira, falou ‘Segunda-feira é o seu Ricardo, você vai vir aqui na Corregedoria, na Polícia Federal, ou vamos te buscar?’ O Ricardo me ligou e falou ‘Neguinho, os cara me ligaram pra eu ir lá, tu não tem nenhum advogado pra me emprestar, pra me pagar?’ eu falei ‘Advogado? Vou chamar advogado? Não tenho advogado’.” Porque o do Ricardo estava com medo porque, ele tá sem documento nenhum […] é arriscado ele ir e ficar por lá mesmo.
Amigo 1: Nossa. Vai vir direto pro Brasil já, de lá.
Robinho: É. (Risos) Eu falei: “Cara, você quer um conselho? Não vai nem lá, volta pro Brasil pelo menos tu não fica em cana.” (Risos).
Fonte: Jornal Extra