RIO — As mortes por Covid-19 no Brasil aumentaram 64,45% de novembro para dezembro, mostram dados apurados pelo consórcio de veículos de imprensa junto às secretarias de Saúde do país. Enquanto novembro teve 13.263 óbitos pela doença, em dezembro esse número foi de 21.811.
Já o número de casos bateu recorde em dezembro. Foram 1.339.503 pessoas infectadas, um aumento de 67% em comparação ao mês anterior, quando houve 801.547 contaminados registrados.
O consórcio de imprensa é formado por O GLOBO, Extra, G1, Folha de S.Paulo, UOL e O Estado de S. Paulo e reúne informações das secretarias estaduais de Saúde divulgadas diariamente. A iniciativa dos veículos da mídia foi criada a partir de inconsistências nos dados apresentados pelo Ministério da Saúde.
Dezembro, mesmo antes de terminar, já era o mês com mais mortes pela doença desde setembro. E é a primeira vez, desde julho, que a quantidade de mortes em um mês é maior que a vista no mês anterior.
O dado referente a dezembro foi calculado subtraindo-se as mortes totais no dia 30 de novembro (173.165) do total de mortes até o dia 31 de dezembro (194.976). Os números dos meses anteriores foram determinados com a mesma metodologia.
Aumento é reflexo de aglomerações
A alta nacional de mortes foi puxada por aumentos em alguns estados. Em Mato Grosso do Sul, dezembro foi o mês com o maior número de mortes pela Covid desde o início da pandemia: 560. O estado teve tendência de alta nas mortes, segundo a média móvel diária, em todos os dias de dezembro exceto no primeiro. Os estados de Amazonas, Pará, Mato Grosso, Acre, Alagoas e Sergipe também mostraram tendência de alta nas mortes em dezembro.
As médias móveis diárias calculadas pelo consórcio de imprensa também apontaram que, em 21 dos 31 dias do mês passado, houve tendência nacional de aumento nos óbitos. Em novembro, foram 12 dias com a mesma tendência.
Para a epidemiologista Ethel Maciel, professora titular da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), o aumento de mortes por Covid-19 detectado no mês passado é reflexo de aglomerações anteriores – dos feriados de 12 de outubro, 2 de novembro e dos dias das eleições municipais (primeiro e segundo turno).
Ela pontua que os próprios políticos não deram bons exemplos para evitar aglomerações e a transmissão do vírus: “As eleições tiveram influência. Políticos e pessoas se aglomerando: infelizmente foi o que nós vimos”, avlia.
A epidemiologista avalia ainda que, com as comemorações do fim do ano, o cenário deve piorar em janeiro. “Com as festas (observadas) de fim de ano, com certeza teremos muitos casos e muitas mortes – porque as pessoas não estão fazendo o distanciamento, estão se aglomerando”, disse ao G1.
O físico Domingos Alves, responsável pelo Laboratório de Inteligência em Saúde da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto, concorda com a avaliação da epidemiologista. Ele afirma que os números de dezembro ainda são “a ponta do iceberg” da pandemia no Brasil.
“Ainda é a ponta do iceberg. Para janeiro, esses dados vão se agravar. Nós teremos uma mortalidade por Covid aqui no Brasil não vista até agora na pandemia. O número de óbitos vai explodir”, afirma.
Fonte: Jornal Extra