BRASÍLIA — O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), recorreu às redes sociais neste sábado para chamar o presidente Jair Bolsonaro de “covarde”. Mais tarde, no mesmo dia, Maia disse que Bolsonaro tem responsabilidade pelas 200 mil mortes ocorridas no país pela Covida-19.
Maia fez o primeiro comentário ao replicar uma reportagem da revista “Veja”. O texto diz que “poucas coisas têm tirado tanto a paz de Jair Bolsonaro quanto a cobrança das redes sociais pelo atraso da vacina”. E que o presidente passou a culpar seu ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, pelo atraso na vacinação e pela perda de popularidade.
A revista afirma que, em reunião ministerial, “meio brincando, meio à vera”, o presidente disse que a Covid-19 “baqueou Pazuello e que ele não dá mais conta de nada”.
Nos últimos dias, a crise sanitária provocada pela pandemia virou tema de debate na disputa à presidência da Câmara. No Twitter, o presidente da Câmara atacou a política do governo para a saúde.
Aliado de Maia, o candidato Baleia Rossi (MDB-SP) sugeriu, no lançamento de sua candidatura, que o Congresso fosse convocado ainda este mês, em meio ao recesso, para votar medidas de enfrentamento ao coronavírus. Já o seu adversário, Arthur Lira (PP-AL), disse que a proposta era “demagogia” para ganhar votos.
Apoiado por Bolsonaro, Lira tem atacado o que chama “centralismo” nas decisões do comando da Câmara. Ele diz que, caso seja eleito, ouvirá todos os parlamentares, sem impor vetos a qualquer agenda de interesse do Congresso.
Na sexta-feira, Bolsonaro criticou Maia, ironizando o apoio que Baleia recebeu do PT.
— O Rodrigo Maia, quando votou pela cassação da Dilma, deu um voto criticando o PT, (dizendo) que perseguiu o pai dele quando era prefeito no Rio. Deu um voto firme, objetivo, apontando que o PT era a maior desgraça do mundo. Hoje, está junto com o PT nas eleições da presidência da Câmara. Pelo poder, água e óleo se misturam. Se bem que ali acho que não é água e óleo, não, são duas coisas muito parecidas — disse Bolsonaro a apoiadores, no Palácio da Alvorada.
Em resposta, Maia disse que o bloco que reúne partidos da direita à esquerda “se une pra condenar o autoritarismo, o fascismo e a incompetência” e que “são muito naturais as críticas e o incômodo de Bolsonaro à nossa união”.
Fonte: O Globo