O Ministério da Saúde anunciou que a vacinação contra a Covid-19 poderá começar nos estados a partir das 17h desta segunda-feira (18). A vacina utilizada a princípio será a CoronaVac, produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, aprovada neste domingo (17) para uso emergencial pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A CoronaVac já teve a primeira dose aplicada em São Paulo.
A Anvisa também aprovou neste domingo o uso emergencial do imunizante desenvolvido pela AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford e a capitaneada aqui pela Fiocruz. No entanto, ainda não há doses disponíveis para uso no Brasil.
A seguir, uma lista com tudo o que já se sabe e o que ainda não foi divulgado sobre a vacinação no país.
Quais grupos vão receber a vacina primeiro?
Segundo o plano de imunização divulgado pelo Ministério da Saúde, estão incluídos na primeira fase os trabalhadores da área da saúde, pessoas acima de 75 anos, pessoas de 60 anos ou mais institucionalizadas (em asilos ou casas de repouso) e indígenas. Não foi divulgado ainda quais desses grupos serão priorizados para receber as primeiras doses disponíveis, que são poucas neste primeiro momento.
A fase 2 contempla pessoas acima de 60 anos. Na fase 3, estão incluídos indivíduos com comorbidades como diabetes, hipertensão, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença renal, doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, anemia falciforme, câncer, obesidade grave e que tenham recebido transplante de órgão sólido. A fase 4 inclui professores, forças de Segurança e Salvamento e funcionários do sistema prisional. Povos e comunidades tradicionais ribeirinhas e quilombolas, pessoas com deficiência permanente severa e a população privada de liberdade também estão incluídas no plano como grupos prioritários, mas o Ministério da Saúde não especificou em qual fase.
Como entrar na fila para ser vacinado? Como saber qual o meu local de vacinação? Vai ser preciso agendar horário?
Essas informações devem variar em cada estado ou município, e ainda não foram divulgadas.
No Rio de Janeiro, o governo estadual planeja utilizar 1.500 postos de saúde e clínicas de vacina no estado. Dependendo da demanda, podem ser criados outros 3 mil pontos improvisados, em centros comerciais, escolas e quartel do Corpo dos Bombeiros. No caso dos idosos em asilos e da população indígena e quilombola, o planejamento é levar a vacina até eles com equipes da saúde da família. Nos outros grupos de idosos, o plano é separar dias específicos apenas para idosos comparecerem em postos de saúde.
Preciso de um cadastro prévio para me vacinar?
O Ministério da Saúde afirmou que, para acompanhamento em tempo real da situação vacinal de cada cidadão brasileiro, disponibilizou o aplicativo Conecte SUS. Por ele, cada dose aplicada será registrada na carteira digital de vacinação do usuário, identificado por meio do CPF ou do Cartão Nacional de Saúde. Também serão registrados o tipo de vacina, seu lote de fabricação e a data em que foi tomada a dose. No entanto, a falta do cadastro não impede que a pessoa seja vacinada. As pessoas que ainda não estejam cadastradas poderão ser registradas pelo profissional de saúde no momento do atendimento, usando o CPF ou o Cartão Nacional de Saúde.
Os estados/municípios terão cadastro próprio?
O registro dos vacinados e controle das carteiras de vacinação cabem aos municípios. O estado de São Paulo lançou o site “Vacina Já” para agilizar a campanha de vacinação. Nele, todas as pessoas aptas a receber a vacina do Instituto Butantan podem fazer um pré-cadastro, que não é um agendamento, mas, segundo o governo estadual, vai garantir um atendimento mais rápido nos locais de vacinação. Quem não conseguir fazer o pré-cadastro também poderá se vacinar sem ele.
O que é preciso levar para ser vacinado?
Não foi especificado quais documentos serão necessários.
Tenho hipertensão (ou qualquer comorbidade incluída nos grupos prioritários). Precisarei levar atestado para ser vacinado?
O Ministério da Saúde informou que indivíduos com comorbidades serão pré-cadastrados no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI). Aqueles que não tiverem sido pré-cadastrados poderão apresentar um comprovante que demonstre o pertencimento a um dos grupos de risco, como exames, receitas ou relatório médico, no momento da vacinação.
Quantas doses temos disponíveis para uso no Brasil?
O uso emergencial aprovado pela Anvisa corresponde a 6 milhões de doses da CoronaVac importadas da China e outros 2 milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca que devem ser trazidas da Índia – a importação enfrenta dificuldades. Neste primeiro momento, o país tem disponíveis para uso apenas as doses da CoronaVac, que permitem a vacinação de 3 milhões de pessoas, já que cada uma precisa receber duas doses.
Temos mais doses prontas no país?
Sim. Nesta segunda-feira (18), o governo de São Paulo solicitou uma nova autorização para o uso emergencial das doses de CoronaVac produzidas no Brasil pelo Instituto Butantan. O novo pedido inclui um novo lote já pronto de 4,8 milhões de vacinas.
Como foi a divisão das doses da CoronaVac por estado?
Foram divididas 6 milhões de doses entre os estados, de acordo com a população de cada unidade federativa. Com isso, 1,5 milhão, proporção que pertence a São Paulo, ficaram no estado. Já Roraima receberá o menor aporte, com 10.360. O Rio de Janeiro, por sua vez, terá 487.420 unidades da vacina.
Como as doses serão distribuídas?
As doses estão sendo distribuídas nesta segunda-feira (18) pelo território nacional através de aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) e das companhias aéreas Gol, Latam, Voepass e Azul. Após a entrega, caberá aos governos estaduais a logística para distribuição pelos municípios.
A vacina será totalmente gratuita?
Sim. A vacinação nacional é organizada pelo Ministério da Saúde por meio do Sistema Único de Saúde e, portanto, não terá custo para a população.
Posso comprar a vacina em uma clínica privada?
Não. A aprovação para uso emergencial concedida pela Anvisa no domingo (17) autoriza apenas a rede pública a comprar vacinas e fazer aplicações.
Quando a vacina de Oxford deve estar disponível no Brasil?
Ainda não há previsão para a chegada das 2 milhões de doses do imunizante de Oxford/AstraZeneca importadas da Índia. O uso emergencial da fórmula também recebeu aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas depende da liberação do governo indiano para chegar ao Brasil.
Quando as vacinas de Oxford começam a ser produzidas no Brasil?
Não há previsão. Para que a Fiocruz comece a fabricar o imunizante, como prevê o acordo com o Ministério da Saúde, ela precisa receber os ingredientes farmacêuticos ativos (IFA), matéria-prima da vacina. O contrato com a farmacêutica AstraZeneca prevê a entrega de insumos para a produção de 100,4 milhões de doses da vacina no Brasil, cujo recebimento estava previsto para o início deste mês. No entanto, problemas burocráticos relacionados ao traslado internacional de vírus vivo atrasaram a vinda dos IFA da fábrica da AstraZeneca na China, onde foram produzidos. Segundo o contrato firmado com a Fiocruz, a AstraZeneca deve disponibilizar insumos para a produção de 30 milhões de doses ainda no primeiro trimestre de 2021. Em nota, a AstraZeneca informa que “continua trabalhando para liberar os lotes planejados de IFA para a vacina o mais rápido possível”.