Jornal Povo

Paes participa de missa de São Sebastião e não descarta lockdown no Rio

Do lado de fora das grades, fiéis receberam bençãos e água benta jogada pelos frades capuchinhos Foto: Gabriel de Paiva

O prefeito Eduardo Paes participou da missa solene na Basílica de São Sebastião, na Tijuca, que este ano foi fechada para o público por conta da pandemia de Covid-19. Com os números da epidemia em alta na cidade, Paes afirmou que a prefeitura pretende intensificar a fiscalização, mas cobrou consciência da população para respeitar o distanciamento social. Ele afirmou que ainda não há expectativa de endurecimento das regras de isolamento, mas não descartou um endurecimento das medidas.

— Essa decisão é dos técnicos da Secretaria municipal de Saúde, dos epidemiologistas. Isso não tem achismo, tem ciência. — disse Paes. —Lockdown acontecerá se os técnicos assim decidirem. Eu não descarto nada nunca. Mas não há nem cheiro de lockdown nesse momento

O prefeito chegou a se emocionar em alguns momentos da cerimônia, celebrada pelo arcebispo do Rio, cardeal dom Orani Tempesta.

— Havia quatro anos que eu não podia comemorar essa data como prefeito do Rio. É uma data de reflexão e de pedido de proteção à nossa cidade e à nossa gente — disse o prefeito, que contou ter pedido a São Sebastião ajuda para que mais doses da vacina contra a Covid-19 cheguem logo ao país.

Dom Orani também aproveitou a sua homilia para demonstrar preocupação e esperança com a pandemia na cidade e que, apesar do luto, acabou revelando bons exemplos de fraternidade entre os cariocas:

— A pandemia acabou nos ensinando sobre a fragilidade do ser humano diante de uma coisa microscópica, de não termos solução para um problema que há pouco não tinha, e a colaboração mútua. Vimos a solidariedade que aconteceu entre os pobres e entre quem levou a saciar a fome de tantas pessoas que acabaram perdendo o emprego.

Diferentemente do que acontece todos os anos, quando uma multidão se aglomera na basílica no dia de São Sebastião, os fiéis só puderam acompanhar a missa por caixas de som do lado de fora da igreja, além da transmissão pela internet.

De cima das grades, dois frades abençoavam os fiéis a distância, garantindo o distanciamento entre as pessoas.

Mesmo com as restrições por conta da pandemia, a instrumentadora cirúrgica Maria José Batista, de 71 anos, fez questão de ir com o marido para receber a bênção:

— Eu precisava muito vir aqui. Foi um ano pesado, muito complicado. A gente veio agradecer, estamos com saúde. Mesmo diferente não tem problema, isso aqui já é a gratidão que a gente recebe — disse, emocionada.

Maria da Graça Costa, de 59 anos, cuidadora de idosos, conta que é devota de São Sebastião e frequenta a igreja todo dia 20 de janeiro há 30 anos. Ela, que saiu de Japeri e usava uma máscara de São Sebastião, lamentou não poder participar da procissão, mas contou que vai rezar para o santo quando chegar em casa.

— Já comprei o folheto de São Sebastião, acendi uma vela e, quando chegar, vou fazer a novena dele, agradecer pelas graças. Ele é um santo de muito poder, muito poderoso — afirmou.

O empresário Luiz Henrique, de 61 anos, esperava poder acompanhar a missa, com redução no número de fiéis, mas concordou com as medidas:

— Ia aglomerar muito. Mas já valeu a pena receber a bênção. Sempre é bem-vinda a espiritualidade