Jornal Povo

Incêndio afeta fábrica de vacinas indiana responsável por doses destinadas ao Brasil

Um incêndio ocorreu nesta quinta-feira no Instituto Serum, maior fabricante mundial de vacinas, em Pune, na Índia. A imprensa indiana afirma que a produção de vacinas contra a Covid-19 não foi afetada. O instituto é responsável pelas 2 milhões de doses do imunizante da AstraZeneca/Universidade de Oxford adquiridas pelo Brasil, que estão no centro de um imbróglio diplomático.

Pela TV, canais de televisão indianos exibiram imagens de uma enorme nuvem de fumaça cinza sobre as instalações do Serum, em Pune, no Oeste da Índia, onde milhões de doses da vacina desenvolvida pela AstraZeneca e pela Universidade de Oxford estão sendo produzidas atualmente.

Pelo Twitter, o CEO do Instituto Serum, Adar Poonawalla, inicialmente afirmou que não houve vítimas fatais.

“Obrigado a todos por sua preocupação e suas orações”, escreveu o executivo do laboratório indiano na rede social. “Até agora, o mais importante é que não houve perda de vidas ou grandes ferimentos devido ao incêndio, apesar de alguns andares terem sido destruídos.”

No entanto, Poonawalla recuou e afirmou na mesma rede social que mortes foram confirmadas. Segundo o jornal Times of India, cinco pessoas morreram no incêndio. Citando o prefeito de Pune, a publicação especula que as vítimas sejam trabalhadores da construção civil.

Poonawalla também afirmou que o instituto tem vários prédios que abrigam a produção de vacinas para lidar com contingências. A unidade atingida produzia imunizantes contra rotavírus. O Serum está produzindo cerca de 50 milhões de doses da vacina desenvolvida pela AstraZeneca/Oxford por mês em outras instalações do complexo.

O corpo de bombeiros disse que ao menos cinco caminhões foram enviados para combater as chamas no edifício, que uma fonte descreveu como uma “planta de vacina em construção”.

Ainda não se emitiu nenhum comunicado sobre a causa do incêndio. Muitos países de renda baixa e média dependem da entrega das vacinas do Serum para enfrentarem a epidemia. A vacina da AstraZeneca já está sendo usada na Índia, e também foi enviada a países como Bangladesh, Nepal, Maldivas e Butão.

Em dezembro, o Brasil firmou, via Fiocruz, um acordo com o Serum Institute of India para o envio de dois milhões de doses prontas do imunizante da AstraZeneca, à margem do acordo que o país selou com a farmacêutica britânica, que prevê a produção nacional. A intenção era acelerar a imunização do país, e o uso emergencial do aporte de doses recebeu autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

As doses, previstas para o último final de semana, acabaram retidas em solo indiano. O governo da Índia afirma oficialmente que priorizará a imunização da população mais vulnerável antes de abrir exportações. Unidades da vacina, no entanto, já foram enviadas para países do Sudeste Asiático.

Diplomatas do Itamaraty avaliam que o canal de diálogo com o país e com a China está “obstruído” em função do alinhamento do Brasil aos Estados Unidos em tratativas sobre patentes na Organização Mundial do Comércio (OMC), como reportou O Globo.