Atividades na estação de tratamento estão suspensas até as 5h de domingo (7). Companhia pede que clientes com sistema de reserva economizem água.
A Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro) começou, no início na noite deste sábado (6), uma operação nas comportas do Rio Guandu. Para a manobra, a companhia afirmou que interrompeu as atividades na estação de tratamento até as 5h de domingo (7).
De acordo com a Cedae, as comportas da estação serão abertas, o que fará com que a água escoe mais rápido e renove parcialmente a água da lagoa próxima à estação.
Por conta do procedimento, a Cedae pediu que os clientes que tenham sistemas de reserva “usem água de forma equilibrada e adiem tarefas não essenciais que exijam grande consumo de água”.
A empresa comunicou que, “embora as concentrações de geosmina na água tratada estejam baixas, a quantidade de algas na lagoa próxima à estação de tratamento vem crescendo nos últimos dias”.
Por isso, a companhia divulgou que objetivo da operação “é evitar o aumento do número de algas e, consequentemente, reduzir a possibilidade de ocorrência de geosmina/Mib no local”.
A Cedae detalhou serem três fatores que levam à proliferação de algas nos mananciais: água parada, presença de nutrientes e luz solar.
O fenômeno, diz o comunicado, “ocorre com maior frequência no verão, exigindo medidas preventivas para manutenção da qualidade da água que sai das estações de tratamento”.
Consequências
A Cedae disse que imóveis com sistema interno de reserva (cisterna e/ou caixa d’água) não devem sofrer desabastecimento.
No entanto, áreas que estejam na “ponta do sistema”, disse a companhia, e em locais mais altos, o abastecimento pode levar até 48h para ser normalizado.
Hospitais e outros serviços essenciais serão abastecidos com carros-pipa, se houver necessidade, de acordo com a Cedae.
Um boletim da Cedae divulgado também neste sábado mostra que a concentração de geosmina/2-MIB na água tratada do Guandu bateu, no sábado passado (30), o recorde de 2021.
O relatório deste sábado, que atualizou as medições na água até o dia 1º, traz ainda que desde o dia 23 a água bruta vem chegando ao Guandu com compostos provenientes de matéria orgânica.
Exemplos desses compostos são a geosmina e o 2-Metil-Isoborneol (2-MIB), que deixam a água com gosto e cheiro de terra.
Nesta sexta-feira (5), o Blog mostrou que a Cedae admitiu não estar conseguindo eliminar essas alterações no produto encanado.
Geosmina subindo
O monitoramento colhe amostras diárias em três pontos do Sistema Guandu:
- Na captação, ainda no Rio Guandu, antes do tratamento;
- Após passar pela Velha Estação de Tratamento de Esgoto (Veta);
- Após passar pela Nova Estação de Tratamento de Esgoto (Neta).
A Veta e a Neta são unidades independentes.
Até então, a concentração máxima tinha sido de 0,023 micrograma por litro (μg/L), no dia 24, na água recém-saída da Veta.
No dia 30, no mesmo ponto, a análise encontrou 0,087 μg/L — uma concentração quase quatro vezes maior.
O recorde de 2021, no entanto, ainda é bem inferior aos valores registrados na “Crise da Geosmina” do ano passado. O máximo na época foi de 0,838 μg/L — ou quase 10 vezes mais que os atuais 0,087 μg/L.
Problemas na captação
Ao Blog, o presidente da Cedae, Edes Oliveira, disse que a companhia tenta tirar o gosto de terra da água com duas táticas:
- Aplicação de argila lantânica ainda no Rio Guandu, antes do ponto de captação;
- Aplicação de carvão ativado nas “piscinas” da Estação de Tratamento.
Apesar da argila, as análises mostram nove dias seguidos de água com geosmina entrando na Estação de Tratamento. Em negrito, as oscilações nas concentrações:
- Dia 23: 0,022 μg/L
- Dia 24: 0,024 μg/L
- Dia 25: 0,318 μg/L
- Dia 26: 0,165 μg/L
- Dia 27: 0,259 μg/L
- Dia 28: 0,128 μg/L
- Dia 29: 0,088 μg/L
- Dia 30: 0,26 μg/L
- Dia 1º: 0,118 μg/L
Em 2020, no auge da crise, a concentração no ponto de captação foi de 1,96 μg/L.
Mas no ano passado, mesmo com um índice seis vezes maior, em 15 dias o Guandu parou de apresentar compostos.
O presidente da Cedae não explicou por que os tratamentos não estão dando certo este ano.
Um morador da Taquara mostrou a água da torneira saindo branca, além de malcheirosa.
“A gente paga uma conta de R$ 300 por mês, e a água saindo dessa. Como que a gente pode beber uma água dessa?”, questionou.
00:00:28:05 Tô gastando dinheiro com água mineral, tô gastando na faixa de uns 16 packs por mês, 16 a 18 packs por mês gastando com água mineral né.