Jornal Povo

Justiça decreta prisão de traficante Peixão e mais seis por ataques contra religiosos de matriz africana

Integrante da cúpula de uma das principais facções criminosas do Rio, o traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, e outras seis pessoas, incluindo uma mulher, tiveram as  prisões preventivas decretadas pela Justiça e estão sendo procurados pela polícia. A quadrilha foi acusada por promotores do Grupo de Atuação Especial ao Combate ao Crime Organizado,  da 1ª Promotoria de Investigação Penal dos Núcleos de Duque de Caxias e Nova Iguaçu, de promover uma série de ataques armados a terreiros e a pessoas de religiões de matriz africana na Baixada Fluminense, entre 2016 e 2019. De acordo com a denúncia do Ministério Público do Rio (MP-RJ),  em alguns casos a ordem de Peixão para atacar e depredar os templos foi transmitida a partir de aplicativos de celulares ou por telefonemas.

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Terreiro atacado no Bairro Parque Paulista (imagem arquivo) 2019 Foto: Reprodução

Os bandidos tiveram as prisões decretadas pela 1ª Vara Criminal de Nova Iguaçu e pela 2ª Vara Criminal de Caxias, municípios onde os ataques ocorreram. Eles vão responder por crimes de preconceito de raça ou cor, constrangimento ilegal, tortura, corrupção de menores, ameça e dano. Segundo o MP-RJ, o bando que controla o tráfico em Vigário Geral, Parada de Lucas e Cidade Alta, na Zona Norte do Rio, e nas comunidades do Buraco do Boi, em Nova Iguaçu, e Parque Paulista, em Caxias, proibiu que pais e mães de santo propagassem a religião de matriz africana. O motivo da proibiçao seria a conversão de Peixão a uma outra religião.

Um dos ataques ocorreu no dia 11 de julho de 2019, no Parque Paulista. Dias após ordenar que um centro de candomblé cessasse as atividades, bandidos armados invadiram o local e destruíram  todos os objetos religiosos que estavam no terreiro. Durante a invasão, os traficantes do grupo de Peixão ainda obrigaram uma idosa de 85 anos a carregar nas costas uma cruz de madeira, que foi levada para fora do templo.

De acordo com a denúncia, Peixão chegou a ordenar, em determinada ocasião, que três homens, acompanhados por um menor, rendessem um pai de santo e os frequentadores de um templo de candomblé, também localizado no bairro Parque Paulista. Durante o ataque, os bandidos ainda exigiram que todos os terreiros da localidade fossem fechados. Em outra situação, ainda segundo o MP, os criminosos, que se autodenominam “Bandidos de Jesus”, invadiram outro terreiro, gritando e ameaçando os participantes, que acabaram proibidos de andar de roupa branca na localidade .



Esta não é primeira vez que Peixão tem a prisão decretada pela Justiça. Álvaro Malaquias Santa Rosa tem em seu nome outros nove mandados de prisão expedidos pelo Tribuna de Justiça do Rio, a maior parte deles por crimes de tráfico e homicídio. O Disque-Denúncia oferece recompensa de R$ 1 mil por informações que levem à prisão do bandido.