No pior momento da pandemia de Covid-19 no Brasil, com recorde de mortos e a uma ameaça de colapso no sistema de saúde de diversos estados, o presidente Jair Bolsonaro minimizou neste domingo a falta de leitos, dizendo que “a saúde no Brasil sempre teve seus problemas”.
Para Bolsonaro, a situação não é justificativa para fechar o comércio, medida que tem sido adotada por governadores para diminuir o contágio do novo coronavírus. No entanto, medidas mais restritivas, incluindo a imposição de períodos de quarentena estrita, têm sido defendidas por especialistas e ex-ministros da Saúde ouvidos pelo GLOBO, como única maneira de frear o contágio e reduzir o número de internações e de mortes no país, que nos últimos dias bateram recordes.
Ao menos 13 estados brasileiros estavam com taxas de internação por Covid-19 acima de 80% nas UTIs da rede pública na sexta -feira, segundo levantamento realizado pelo GLOBO a partir de informações das secretarias estaduais de Saúde.
A situação ocorre no mesmo momento em que o Brasil registra recordes de mortos: a média móvel de sete dias ficou em 1.180 mortes no sábado, a maior desde o início da pandemia. Os recordes anteriores já haviam sido batidos na semana passada, na quarta e depois na quinta-feira.
“A saúde no Brasil sempre teve seus problemas. A falta de UTIs era um deles e certamente um dos piores”, escreveu Bolsonaro em sua conta no Facebook na manhã deste domingo, compartilhando uma reportagem do G1 de 2015 sobre falta de leitos no Brasil e questionando o que ocorreu naquele período.
Em seguida, o presidente acrescentou que “HOJE, ao FECHAREM O COMÉRCIO e novamente te obrigar a FICAR EM CASA, vem o DESEMPREGO EM MASSA com consequências desastrosas para todo o Brasil”.
Na noite de sabado , Bolsonaro já havia compartilhado um vídeo de uma empresária do Distrito Federal criticando o fechamento do comércio determinado pelo governador Ibaneis Rocha. O vídeo também foi compartilhado por dois dos filhos do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), além do ministro da Secretaria Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni.