Jornal Povo

Em crítica a Ernesto Araújo, Pacheco diz que política externa é falha e cobra mudanças

BRASÍLIA – O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), subiu o tom nesta quinta-feira em relação ao chanceler Ernesto Araújo e cobrou mudanças na política externa do Brasil. Segundo Pacheco, o Ministério de Relações Exteriores está “aquém do esperado” e cometeu erros durante a pandemia da Covid-19. Em conversa com jornalistas, ele também repudiou o gesto feito pelo assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Filipe Martins, e destacou que a Casa “não é lugar para brincadeira”. 

— Muito além da personificação ou do exame sobre o trabalho específico de um chanceler, o que se tem que mudar é a política externa do brasil. Evidentemente que ela precisa ser aprimorada, melhorada, as relações internacionais precisam ser mais presentes. Um ambiente de maior diplomacia. Isso é algo que está evidenciado a todos, não só no Congresso Nacional, mas a todos os brasileiros que enxergam a necessidade do Brasil ter uma representatividade externa melhor do que tem hoje — disse à imprensa.

Pacheco também afirmou que um dos “muitos erros” cometidos pelo governo federal durante a pandemia foi a falta de relação diplomática com determinados países, e disse que é preciso mudar a política externa para “salvar vidas”.

— Eu considero que nós tivemos muitos erros no enfrentamento dessa pandemia, um deles foi o não estabelecimento de uma relação diplomática de produtividade com diversos países que poderiam ser colaboradores nesse momento agudo de crise que nós temos no Brasil. Então, ainda está em tempo de mudar para salvar vidas — declarou.

Médicos do Serviço de Resgate de Emergência (SAMU) tentam reanimar um paciente com suspeita de COVID-19, em Manaus Foto: BRUNO KELLY / REUTERS
Médicos do Serviço de Resgate de Emergência (SAMU) tentam reanimar um paciente com suspeita de COVID-19, em Manaus Foto: BRUNO KELLY / REUTERS
Parentes de Tereza Santos que morreu de COVID-19 reagem durante seu sepultamento no cemitério Vila Formosa, em São Paulo Foto: CARLA CARNIEL / REUTERS
Parentes de Tereza Santos que morreu de COVID-19 reagem durante seu sepultamento no cemitério Vila Formosa, em São Paulo Foto: CARLA CARNIEL / REUTERS

Apesar da cobrança de diversos parlamentares pela saída de Araújo, Pacheco evitou se posicionar sobre a demissão ou não do chanceler neste momento:

— Questão de saída ou entrada de ministros eu considero que só pode demitir aquele que admite. Esse é o papel do presidente da República, é uma prerrogativa do presidente do presidente da República e ele haverá de tomar as melhores decisões para melhorar o governo. Nossa parte no Congresso Nacional, o que nós temos buscado é colaborar.

Pacheco também criticou a postura do assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Filipe Martins, que fez um gesto associado a supremacistas brancos durante sessão parlamentar realizada ontem para ouvir Araújo. O gesto também é interpretado como um xingamento obsceno.

O presidente do Senado confirmou que determinou a abertura de uma investigação pela Polícia Legislativa sobre o caso e que Martins terá o direito de se explicar às autoridades. Independente da intenção do assessor, Pacheco disse que, ao observar as imagens, é possível identificar um gesto “completamente inapropriado”.

— Nós não podemos ter pré-julgamentos em relação ao fato, mas, verdadeiramente, vendo as imagens, nós identificamos um gesto completamente inapropriado para o ambiente do Senado Federal.

Ele repudiou eventuais gestos racistas e obscenos e disse que a Casa é um “lugar de trabalho”:

— Nós queremos aqui, uma vez mais, repudiar todo e qualquer ato que envolva racismo ou discriminação de qualquer natureza. Repudiar qualquer tipo de ato obsceno também, caso tenha sido essa a conotação. O Senado não é lugar de brincadeira, o Senado é lugar de trabalho e ali nós estávamos trabalhando buscando soluções e informações de um ministério (de Relações Exteriores) que está muito aquém do desejado para o Brasil.

Fonte: O Globo