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Ministro Ernesto Araújo decide pedir demissão do cargo

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, decidiu pedir demissão do cargo. A informação foi repassada pelo próprio chanceler a seus subordinados. Segundo fontes do Planalto, o chanceler e o presidente terão mais uma reunião às 17h. Ernesto disse a Bolsonaro que não quer ser um problema ao governo. A expectativa de integrantes do governo é que a saída do Araújo seja oficializada ainda nesta segunda-feira.

Com a saída de Araújo, o Palácio do Planalto gostaria de nomear outro diplomata para o cargo. Os nomes mais cotados são o de Nestor Forster, que representa o Brasil nos Estados Unidos, e Luis Fernando Serra, que está na França.

O ministro vinha sendo questionado pelo Congresso. Na semana passada, o presidente da Câmara, Artur Lira, e do Senado,  Rodrigo Pacheco, pressionaram o presidente Jair Bolsonaro a demitir o chanceler.  Lira chegou a  dizer que Araújo perdeu a capacidade de dialogar com países.  Para o Centrão, o ministro impõe obstáculos à compra de vacinas da China e da Índia.

Neste domingo, Araújo chegou a declarar que a  pressão do  Congresso era  por interesses relacionados à tecnologia 5G e não por causa das vacinas contra a Covid-19. A senadora Kátia Abreu (PP-TO), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, reagiu à declaração do ministro dizendo, em nota, que o Brasil não poderia  mais ter  mais “a face de um marginal” e voltou a pressionar pela saída do ministro.

Críticas à política externa e às estratégias adotadas por Araújo incluem a deterioração das relações com a China, principal parceira comercial do Brasil desde 2009. Agora, o país asiático também desponta como fornecedor de insumos para a produção da vacina de Oxford/Astrazeneca, fabricada junto à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e da CoronaVac, desenvolvida pela Sinovac Biotech em parceria com o Instituto Butantan.

Mudança na política externa

 O Jornal Povo ouviu 11 diplomatas da ativa que servem em diferentes países nas Américas, no Oriente Médio e na Ásia sobre o legado de Araújo. Na avaliação deles, será necessária uma reconstrução completa da política externa do Brasil, tanto das relações bilaterais com parceiros importantes, como EUA, China e Argentina, quanto com a União Europeia e organismos multilaterais.

Os diplomatas citaram derrotas recentes do Brasil em eleições para organismos internacionais como sinal de perda de força do país links segunda.

Fonte: O Globo