Não é qualquer roupa que o menino Davi Genazio Viana, de 8 anos, completados na última sexta-feira (30), veste com prazer. Sua paixão é uniforme da Empresa Municipal de Limpeza Urbana (Emlurb). Diagnosticado com autismo aos 2 anos, a criança, moradora do bairro Jardim Canaã, em Nova Iguaçu, sempre teve dificuldades de interagir com adultos. Mas quando ele encontra os garis que recolhem o lixo de sua rua, a interatividade é enorme.
Todas as segundas, quartas e sextas-feiras, Davi olha para o relógio de casa e, quando se aproxima das 10h, ele chama os pais para acompanha-lo até o portão. Ele veste o uniforme de cor laranja, dado pelo avô, e as luvas e aguarda ansioso para ‘trabalhar’ com os garis.
Este ano, Davi foi além. Pediu à mãe, Aline Lima Viana de Souza, de 32, uma festa que teve como tema a Emlurb, e convidou os garis para que cortassem o bolo com ele. As balinhas da festa foram enroladas com um saquinho preto em alusão aos sacos de lixo recicláveis. Os cupcakes foram feitos em forma de lata de lixo.
“Tentei oferecer uma festa do Homem de Ferro, do Capitão América ou do Batman, mas os super-heróis dele vestem uniforme laranja, são os garis da Emlurb. O Davi tinha muita dificuldade na fala e na coordenação motora, mas, depois que conheceu o trabalho dos garis e começou a “ajudar” na coleta, evoluiu bastante. É outra criança. Essa paixão nos ajudou a viver melhor, mesmo com o autismo”, afirmou Aline.
Em período de pandemia, foi difícil convencer Davi a não abraçar os garis, evitando aproximação. O menino não se conformou. Ele usou luvas e máscara facial, além de álcool gel para cumprimentar os profissionais da Emlurb e ajudá-los a coletar o lixo.
“Não faltou aquele tchauzinho na despedida. É inexplicável o que acontece quando o Davi encontra os garis. É um sentimento puro, é o mundo dele. E se faz bem ao meu filho, dou a maior força. É uma relação de amizade linda”, contou Aline.
Para o menino Davi, seu maior sonho é trabalhar como motorista de caminhão de coleta de lixo. “Amo ser gari, mas quero dirigir o caminhão. É meu sonho. Esse ano só queria passar meu aniversário com meus amiguinhos da Emlurb. Quando eles não vêm aqui, eu choro”, disse Davi emocionado Davi.
A relação do menino com os profissionais da Emlurb emociona, mas Davi, que tem uma coleção de caminhões em seu quarto, guarda um carinho em especial por duas pessoas: o motorista José Aílton Moreira de Faria, de 40 anos, e o gari Ednardo Santos Pintos, de 42, ambos há sete anos trabalhando na empresa.
“Não temos um fã ou admirador do nosso trabalho, temos um amigo. Adotei o Davi como um filho. Tem dias que acordamos tristes, chateados e de mau humor, lembramos que tem uma criança nos esperando no portão, com um sorriso no rosto, pronto para levar seu lixo até o caminhão. Isso não tem preço”, comentou emocionado José Aílton, chamado pelo menino de Tio Zé.
Fonte:PMNI. ASCOM