A Polícia Civil apreendeu seis fuzis, uma sub-metralhadora MP5, 15 pistolas, 12 granadas e até munição anti-tanque — que seria usada pelos criminosos como demonstração de força para a disputa de poder com outras facções. A operação da Polícia Civil que deixou 25 mortos na comunidade do Jacarezinho (Zona Norte) nesta quinta-feira (6).
A Polícia Civil também informou que para a munição anti-tanque ser usada é necessário um lançador específico. Os agentes vão investigar a origem da munição, que é usada por militares.
Segundo os investigadores, todos os fuzis apreendidos eram “Frankenstein”, que no jargão policial significa que foram adaptados. Os criminosos chegaram a usar peças de airsoft para adaptarem os armamentos.
A investigação que deu origem começou há mais de um ano. Foi quando os policiais descobriram que três traficantes estavam recrutando adolescentes de 12 anos para a linha de frente do tráfico na comunidade.
De acordo com a polícia, Felipe Ferreira Manoel, o Fred, Adriano Souza de Freitas, o Chico Bento e Paulo Henrique Godinho dos Santos, o PH do Jacarezinho são os responsáveis por procurar crianças e adolescentes para o trafico de drogas na comunidade.
Meninos de 12 anos estariam sendo usados para a venda e preparação das drogas, para a segurança armada de pontos de drogas, para a segurança de traficantes e até na contenção em dias de operações na comunidade. A investigação é da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). Os agentes descobriram que essas crianças são de famílias pobres e sem condições financeiras. Atrás de ajuda financeira, os meninos eram aliciados pelos traficantes.
Segundo os investigadores, Felipe Ferreira Manoel é o responsável por esquartejar e sumir com os corpos de moradores e desafetos naquela comunidade. Além disso, eles estariam coagindo os moradores a não denunciarem os crimes na favela.
Na manhã desta quinta-feira, a Polícia Civil esteve na comunidade para cumprir mandados de prisão expedidos pela Justiça. No momento em que os investigadores entravam na favela, o helicóptero da TV Globo flagrou bandidos armados com fuzis que, para fugir do cerco policial, invadiram casas de moradores. No desespero, os criminosos escalaram e pularam lajes e muros dos imóveis.
Nas imagens foi possível ver também que bandidos passavam as armas usadas no confronto de mão em mão pelas lajes enquanto corriam pelos telhados das casas.
Durante ação, tiros atingiram passageiros no metrô
Além dos mortos, outros dois agentes da Polícia Civil foram atingidos durante o confronto e levados para o Hospital Municipal Salgado Filho. Uma pessoa foi baleada no pé, quando estava dentro de casa e também procurou atendimento no Salgado Filho. Dois passageiros ficaram feridos na estação de Triagem do Metrô, após um disparo atingir uma janela de um trem.
Os passageiros feridos no trem são o militar da Marinha Rafael M. Silva, de 33 anos, e Humberto Gomes V. Duarte, de 20. Rafael foi levado para o Salgado Filho e deixou a unidade à revelia, segundo a Secretaria municipal de Saúde. Ele seguiu para um hospital da Marinha. Já Humberto foi levado para o Hospital municipal Souza Aguiar, no Centro. Seu estado de saúde é estável.
De acordo com o MetrôRio, “dois clientes ficaram feridos após o vidro de uma das composições ser atingido por projétil vindo da área externa, na altura da estação de Triagem. Uma pessoa foi ferida por estilhaços de vidro e outra atingida de raspão no braço”. A concessionária informa que os dois foram imediatamente atendidos. Em razão do episódio, a operação da Linha 2 chegou a ser interrompida, mas, segundo o MetrôRio, “já foi normalizada, e o serviço na estação e nos trens funciona normalmente”.
Por causa do tiroteio, a circulação de trens do ramal de Belford Roxo ocorreu apenas entre as estações Del Castilho e Belford Roxo. No ramal de Saracuruna, as composições transitaram entre Bonsucesso e Gramacho e no trecho entre Gramacho e Saracuruna. A situaçao foi normalizada às 10h.
Por volta do meio-dia, um grupo realizou um protesto em um dos acessos do Jacarezinho. O comércio na região fechou e as ruas ficaram vazias. Os relatos de moradores com medo dos tiros se multiplicaram pelas redes sociais.