O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o chanceler Carlos França vão se reunir nesta sexta-feira com o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming. De acordo com Queiroga, o intuito é “ampliar as relações” entre os países “independente de quaisquer fatos”. O encontro ocorre dois dias após o presidente Jair Bolsonaro insinuar que os chineses podem ter criado o novo coronavírus em laboratório como parte de uma “guerra química”.
— Vamos continuar trabalhando para manter as boas relações que o Brasil tem com a China, no que tange a questão da saúde eu e o ministro Carlos França estamos trabalhando juntos. Amanhã nós temos uma audiência agendada com o embaixador chinês. E estou muitas esperanças que consigamos ampliar essas relações com a China independente de quaisquer fatos — disse Marcelo Queiroga durante depoimento à CPI da Covid.
Queiroga falou sobre o encontro ao ser indagado pelo senador Humberto Costa (PT-CE) se a fala de Bolsonaro contra a China ajuda ou atrapalha o esforço que tem sido feito pelo Ministério da Saúde para a aquisição de vacinas e insumos.
— Eu imagino que ajudou muito a fala do presidente e o senhor vai chegar amanhã na Embaixada da China e vai ser recebido de braços abertos — ironizou Humberto Costa, após a resposta.
As declarações de Bolsonaro sobre a China repercutiram negativamente na CPI. Logo no início da sessão, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) apresentou requerimento para que o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, seja ouvido no colegiado para explicar se há, de fato, indícios de uma guerra química como apontado por Bolsonaro.
Tasso perguntou a Queiroga se ele tinha conhecimento de alguma informação que aponte a origem do coronavírus como uma guerra química proveniente da China.
— Eu desconheço esses aspectos. O que posso dizer em relação à China é que nossa relação com o embaixador da China é a melhor possível — disse Queiroga.
O senador cearense insistiu se Queiroga sabia se, nas instituições mundiais de credibilidade, há algum indício de que isso seja produto de alguma guerra química.
— Desconheço indícios de guerra química — respondeu o ministro.
Queiroga chegou a dizer que Bolsonaro não mencionou a China. Jereissati rebateu, argumentando que, mesmo sem mencionar o nome do país, as declarações do presidente apontava sim para a China.