A Polícia Civil desencadeou, na manhã desta quinta-feira, uma operação contra um grupo de criminosos — ligados à maior facção criminosa do estado — que atua em Coelho Neto, na Zona Norte do Rio. As investigações, que tiveram início em 2019, apontaram que o bando criou um tribunal do tráfico responsável por diversas execuções, entre elas a do entregador de farmácia, Douglas de Oliveira Figueiredo, de 20 anos, morto em janeiro deste ano. Até o momento, sete pessoas foram presas.
De acordo com a 33ª DP (Realengo), além das mortes, os criminosos participaram de diversos confrontos na região. Ao longo de sete meses de investigação, foram identificados traficantes que atuavam na comunidade Proença Rosa, em Honório Gurgel, sob influência do complexo do Chapadão, e que criaram bocas de fumo em ruas residenciais no bairro de Coelho Neto.
Ao todo, os agentes buscam cumprir 24 mandados de prisão. Alguns dos alvos da operação já foram presos ao longo das investigações.
— Os traficantes estão aterrorizando a população do local, atuando com violência e intimidação. No caso do entregador de farmácia, a execução teve motivo torpe, pois ele estaria realizando uma entrega na região, embora residisse em local dominado por uma facção rival. As ameaças e intimidações foram postadas pelos criminosos em redes sociais antes da execução da vítima — disse Rodrigo de Barros Piedras Lopes, titular da 33ª DP.
Entregador morto por morar em comunidade controlada por outra facção
O entregador de farmácia Douglas de Oliveira Figueiredo, de 20 anos, foi encontrado morto nas proximidades da Avenida Brasil, na altura da Fazenda Botafogo, na Zona Norte do Rio, em 2 de fevereiro.
O corpo do rapaz foi localizado por parentes, dentro de um rio. A morte de Douglas foi confirmada no mesmo dia em que a mulher dele deu à luz o segundo filho do casal. O jovem havia sido visto pela última vez ao entrar na Rua Guaxindiba, em Coelho Neto, para fazer uma entrega .
Na via, há uma boca de fumo controlada por traficantes da Favela Proença Rosa que é dominada por homens da maior facção criminosa do Rio. Naquela ocasião, a polícia trabalhava com duas hipóteses para o crime. A primeira é a de que o rapaz, morador de Acari, tenha sido capturado por bandidos e confundido com um integrante de uma facção rival. A segunda é a de que tenha sido executado por traficantes da Proença Rosa apenas por morar em área onde o tráfico é comandado por uma outra facção. No final do inquérito ficou comprovado que o rapaz foi executado porque morava em outra comunidade.
Segundo a família, Douglas não tinha envolvimento com o tráfico nem passagens pela polícia. De acordo com parentes, o rapaz trabalhava em uma farmácia, em Acari, mas acabou indo substituir um colega em uma outra loja da rede.
Um vídeo divulgado nas redes sociais mostrava imagens do rapaz sendo interrogado por um traficante. Na gravação, o criminoso agredia o jovem com uma pistola no lado direto da cabeça, e o ameaçava, apontando a arma para ele. No lado esquerdo do rosto de Douglas, há sangue escorrendo.
A ocorrência foi encaminhada para a Polícia Civil.