Jornal Povo

Supervia anuncia aumento de passagem para R$5,90

Tarifa passa a valer em 1º de julho. Governo diz que tenta reverter reajuste

Queda na demanda de passageiros já chegou a 70%

Rio – A Supervia, concessionária responsável pelo serviço de trens no estado do Rio de Janeiro, anunciou nesta terça-feira (1) o aumento na tarifa do transporte, que passa a ser de R$5,90, a partir de 1º de julho. O valor já havia sido proposto, mas um acordo entre o Governo do Estado e a empresa estabeleceu que a passagem custaria R$5. Dessa forma, em fevereiro deste ano, os usuários deixaram de pagar R$4,70 e passaram a desembolsar trinta centavos a mais para usar o transporte.

De acordo com a Supervia, nesta segunda-feira (31), foram completos 100 dias de negociações com o Governo do Estado e, dessa forma, a partir do próximo mês, a concessionária passa a aplicar o aumento na tarifa, homologado pela Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes (Agetransp), em dezembro de 2020. A empresa destacou que, originalmente, o reajuste estava previsto para 2 de fevereiro, de acordo com o Contrato de Concessão, tendo como base a variação do IGP-M, publicado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

“O reajuste tarifário foi realizado com desconto temporário de noventa centavos após semanas de negociação com o Governo do Estado e formalização em aditivo ao Contrato de Concessão. O acordo previa, ainda, que até 31/05/2021 fossem definidos os meios para viabilizar o reequilíbrio econômico-financeiro da concessão do transporte ferroviário de passageiros por conta desta frustração de receita, o que lamentavelmente não ocorreu. Por isso, a empresa está autorizada a cobrar o valor integral homologado pela Agência Reguladora (AGETRANSP)”, informou a Supervia.

A concessionária argumenta que a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus expôs o alto custo operacional e de manutenção do sistema ferroviário de passageiros e a expectativa era que o Poder Concedente conseguisse contribuir de forma a conter impactos à população, como determinado pela Agetransp. Segundo a empresa, desde 14 de março de 2020, o serviço deixou de transportar 102.243.392 de passageiros, quando foram iniciadas as medidas de contenção à covid-19 no Rio de Janeiro.

“Antes da pandemia, registrávamos uma média de 600 mil passageiros diários, mas o número de embarques atualmente caiu pela metade e somam cerca de 300 mil passageiros nos dias úteis. A queda de demanda já chegou a 70% e hoje se estabilizou em 50%. A perda financeira é de mais de R$472 milhões. Assim como os outros modais de transporte público do Estado, dependemos basicamente da venda das passagens para dar continuidade à prestação do serviço e não contamos com qualquer subsídio do Governo”, alega a concessionária.
A empresa lembra que a expectativa inicial era que a recuperação completa do fluxo de clientes acontecesse no segundo semestre de 2021. “Mas, o comportamento da pandemia, assim como a crise econômica do país e o aprofundamento da crise no Rio de Janeiro, alteraram a previsão de retomada da quantidade de passageiros transportados antes da pandemia apenas para 2023.”

Em nota, o Governo do Estado do Rio informou que segue em tratativas com a SuperVia para reverter o reajuste na tarifa anunciado pela concessionária. “O objetivo é buscar alternativas que viabilizem o reequilíbrio econômico-financeiro da concessão do transporte ferroviário”, continua a nota. Em um anúncio do aumento no valor da passagem nas redes sociais, usuários dos trens criticaram a medida.”Só pode ser piada, R$ 5,90 pra chegar atrasada todo dia no trabalho por causa da diminuição dos trens, desculpas de furto de cabo, aumento nos intervalos, trens ruins, estações péssimas, fora a luta que é pra conseguir entrar em um”, lamentou um comentário. “R$5,90 com a grade que vocês têm hoje? Pra andar aglomerado e se arrastando até o destino”, reclamou outro. “É um completo absurdo, é um assalto! Não tem o menor cabimento a passagem custar esse valor para o serviço que a SuperVia oferece. Várias estações praticamente abandonadas, falta de segurança, trens velhos, intervalos enormes, superlotação”, se queixou mais um passageiro.