Jornal Povo

Polícia Civil quer exame de sanidade mental em guarda municipal que matou três pessoas em bar na Zona Norte do Rio

O delegado Marcus Drucker, responsável pela investigação sobre o que levou o guarda municipal Fábio Damon Fragoso da Silva, de 46 anos, a matar três pessoas e ferir outras três num bar em Vigário Geral, na Zona Norte do Rio, na segunda-feira, dia 12, pediu à Justiça a instauração de um Requerimento de Incidente de Sanidade Mental. Ou seja, a polícia quer que Silva passe pela avaliação de médicos forenses. Os investigadores querem saber se Fábio é imputável ou não e se ele tem algum problema psiquiátrico.O guarda, que foi baleado na perna por policiais militares do 16º BPM (Olaria) após o ataque, está internado em estado gravíssimo no Hospital estadual Getúlio Vargas, na Penha. Ele está sob custódia na unidade de saúde.

Caso comprovado que Fábio tenha algum problema de sanidade metal, ele deverá ser encaminhado para um hospital psiquiátrico penal. Preso em flagrante, Fábio vai responder por homicídio triplamente qualificado. Todos os mortos eram conhecidos e moravam na rua do crime.

Guarda municipal Fábio Damon Fragoso da Silva, de 46 anos
Guarda municipal Fábio Damon Fragoso da Silva, de 46 anos Foto: Reprodução

Segundo Drucker, “novas diligências estão acontecendo” e os policiais estão tentando entender a real motivação dos assassinatos.

— Não há uma definição (da motivação do crime) até agora. Estamos correndo para ouvir todos os envolvidos e saber a causa. O autor não pode ser ouvido no hospital devido à condição médica dele — disse o delegado.

Para o comissário Gilvan Ferreira, ex-psicólogo das Delegacias de Homicídios da Polícia Civil do Rio, se confirmado que Fábio já teve outros surtos anteriormente — em 2012, o servidor atacou colegas em Ipanema e chegou a ser afastado — o guarda não poderia ter posse de arma.

— Se for isso mesmo, num primeiro entendimento ninguém viu que ele tinha algum tipo de problema? Ele adquiriu uma arma e ninguém viu? Não houve um psicotécnico? É preciso entender se ele é um homem que estava adoecido ou se o surto foi após uma provocação (da frase). Será que ele foi provocado a fala e reagiu de forma violenta? Por isso é preciso entender o que aconteceu naquele momento (dos assassinatos) com o histórico violento que ele possa ter tido anteriormente — lembra Ferreira.

Em nota, a Guarda Municipal informou que os candidatos são avaliados psicologicamente durante o período de formação, e que fornece suporte psicológico aos funcionários:

“Uma das etapas do concurso para a Guarda Municipal do Rio é a avaliação psicológica do candidato. Ela tem caráter eliminatório e mesmo peso das outras quatro etapas (provas objetivas e físicas, e exame social e documental, além do curso de formação). Fábio Damon Fragoso da Silva ingressou na Guarda Municipal em 2011.

Em nota, a assessoria de imprensa da GM disse que ‘dispõe ainda de uma Coordenadoria de Valorização do Servidor (CVS), que oferece todo o suporte necessário aos guardas municipais, contanto com psicólogos, assistentes sociais, entre outros profissionais, que atendem aos agentes que solicitam apoio e também a seus familiares’. Ainda de acordo com a instituição, agentes com atestados médicos e indicação de afastamento temporário são encaminhados para a perícia e acompanhados por profissionais da área da saúde”.

Linha de investigação é surto psicótico

Um surto psicótico é a principal linha de investigação da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) para o ataque do guarda municipal aos clientes do bar.

Na tarde desta quarta-feira foram enterrados André da Silva Ramos, às 14h30, no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, e Délcio Fernando Gonçalves Silva, no Cemitério Jardim da Saudade, em Paciência, as 15h, respectivamente. Todos eram amigos.

Na manhã desta quarta-feira, a direção do Hospital Getúlio Vargas informou que piorou o estado de saúde das duas vítimas atingidas por Fábio. Inclusive ele, que está em estado grave. Lucas Ferreira de Souza Alves, de 25 anos, e Wilson Lima Fraga, de 58 anos, além do atirador, estão gravíssimos.

Na tarde de ontem, parentes de Antônio Pereira de Souza, de 62, que também havia sido socorrido e encaminhado para a instituição de saúde, solicitaram sua transferência para o Hospital Glória D’Or. Ontem, os médicos da unidade de saúde precisaram operar duas vezes Lucas, militar do Exército, que perdeu um dos rins. Wilson está com uma bala alojada na coluna e não tem previsão de passar por cirurgia.

Até agora, diversas pessoas já prestaram depoimento na especializada e confirmaram a mesma história: Fábio, que bebia com os amigos, teria se irritado com uma brincadeira feita pelos homens. Foi em casa, buscou uma pistola e atirou em todos que viu pela frente.

Fábio não tinha porte de arma, mas, sim um registro de posse, tirado em 2017. Ou seja, não poderia ir com uma para a rua. De acordo com testemunhas da explosão de violência, depois que pegou sua pistola, ele começou a atirar em todos que apareciam à sua frente. Antes de chegar ao bar, atirou em Lucas Ferreira de Souza Alves. Assessor da Câmara de Vereadores do Rio, Anderson Pinto Lourenço, de 46, foi socorrer o ferido e também acabou sendo baleado pelo guarda. Ele não resistiu aos ferimentos. O corpo dele foi enterrado na tarde de ontem no Cemitério de Irajá, na Zona Norte.