Com 72 medalhas conquistadas nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, sendo 22 de ouro, 20 de prata e 30 de bronze, o Brasil fez história ao alcançar sua melhor colocação na competição olímpica, terminando na sétima colocação. E no que depender da Prefeitura de Nova Iguaçu, o resultado do país nas Paralimpíadas de Paris, em 2024, tem tudo para ser ainda melhor. Pelo menos quatro atletas paralímpicos de alto rendimento estão treinando na Vila Olímpica da cidade e têm grandes chances de conquistar uma vaga para competir na capital francesa.
Márcio Nunes, Leonardo Sabino, Guilherme Cardoso e Adriele de Moraes fazem parte da equipe de atletismo da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (SEMEL), treinada pelo ex-atleta paralímpico iguaçuano Irani Silva Filho. “Iniciamos o trabalho com para-atletas na Vila Olímpica em 2009 e um dos primeiros a aderirem à nossa equipe foi o Guilherme Cardoso, um dos melhores velocistas T12 do Brasil da atualidade. Nós contamos também com o Leonardo Sabino, considerado um dos maiores saltadores do país e com passagem pela seleção brasileira. A Adriele de Moraes também faz parte da seleção e foi campeã parapanamericana em Toronto-2015. Já o Márcio Nunes disputou a Rio-2016”, conta Irani, que participou dos Jogos Paralímpicos de Seul, em 1988.
Márcio Nunes é morador de Miguel Couto e conquistou a medalha de ouro na prova dos 5.000 metros T46 (amputação abaixo dos cotovelos) nos Jogos Paralímpicos do Rio. Ele acredita que o trabalho realizado na Vila Olímpica de Nova Iguaçu é fundamental para o desenvolvimento de futuros campeões. “Antes eu tinha que ir para o Rio para ter treinos de alto rendimento, mas hoje treino na minha cidade. Tenho muito orgulho por representar Nova Iguaçu aonde quer que eu vá”, garante o para-atleta.
Hoje, aos 45 anos, Márcio admite que a idade já começa a interferir na performance, mas garante se empenhar em busca de uma vaga nos Jogos de Paris. No entanto, seu grande objetivo hoje é servir de inspiração. “Nós somos espelho para outras pessoas e costumamos passar nossas experiências para elas. As pessoas com deficiência precisam dessa autoestima”, conclui Márcio.
Projeto Special Olympics
Além do trabalho de alta performance, a Vila Olímpica de Nova Iguaçu conta com o projeto Special Olympics, uma organização internacional de esportes para crianças e adultos com deficiência intelectual que ajuda a desenvolver a autoconfiança, capacidades de relacionamento interpessoal e sentido de realização. Este trabalho é realizado pelo professor de educação física Jorge Roberto Morais, diretor de Esportes da Special Olympics.
“Não buscamos o alto rendimento, mas sim o melhor de cada pessoa. Queremos mostrar que o atletismo pode ajudar a desenvolver o ser humano na questão da saúde, da qualidade de vida e na inclusão social. Se não formarmos atletas paralímpicos, trabalharemos para que saiam daqui cidadãos com noção de grupo e inclusão”, garante Jorge Roberto.
Neste quesito, uma das alunas de grande destaque é Bianca Martiliano Cardozo, de 29 anos. Ela nasceu com deficiência intelectual e baixa visão, mas nada disso foi capaz de impedir que ela corresse atrás dos seus sonhos, nem mesmo um médico que disse que ela não seria capaz sequer de andar e falar.
“Um segundo médico tirou meus remédios controlados e disse que eu deveria praticar esportes e estudar. Minha mãe acreditou em mim desde pequena e me ajudou. Entrei para o projeto da Vila Olímpica há quatro anos e já evoluí muito. Participei de uma competição em São Paulo e fiquei em primeiro lugar na corrida de 100 metros”, conta Bianca, que realizou o sonho de ingressar na faculdade de Dança da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Se um dia eu encontrar o primeiro médico que me atendeu, eu mostraria meu diploma e diria que ele estava enganado. Eu fui capaz e realizei meus sonhos. Todos nós somos capazes. Basta acreditar e correr atrás”, conclui Bianca.
Quem quiser participar do projeto Special Olympics deve se inscrever diretamente na Vila Olímpica de Nova Iguaçu. Basta levar RG, CPF, certidão de nascimento ou casamento, comprovante de residência, atestado médico e laudo médico (no caso de PCDs). As atividades acontecem de segunda a sexta-feira. Às segundas e quintas, os treinos são realizados das 9h às 11h30 e das 14h às 16h30. As atividades de terça são sempre no período da manhã. Já às quartas e sextas os treinamentos acontecem à tarde.
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