Jornal Povo

Rio só reabrirá boates e casas noturnas quando atingir 65% da população adulta da cidade com esquema vacinal completo

A Prefeitura do Rio publicou no Diário Oficial desta sexta-feira (17) duas novas medidas que flexibilizam as restrições contra o coronavírus: a liberação de eventos ao ar livre para até 500 pessoas e a presença de público em estádios e ginásios, desde que respeitados o limite de 50% de lotação máxima do local e a exigência de esquema vacinal completo para todos os presentes. Esta é a primeira fase do novo plano de reabertura da cidade, conforme o cronograma elaborado pelo Comitê Científico de Enfrentamento à Covid-19, que auxilia o município na tomada de decisões relacionadas à pandemia. O decreto começa a valer na próxima terça-feira (21).

O plano de reabertura entraria em vigor no último dia 2, mas foi adiado devido ao cenário epidemiológico da cidade. Com a melhora nos indicadores, ele começa a ser implantado respeitando as modificações sugeridas pelo comitê científico em relação ao que foi anunciado pela prefeitura no fim de julho. Uma das alterações é quanto ao funcionamento de boates e casas noturnas, que agora só serão reabertas na segunda fase.

O decreto condiciona a reabertura de boates e casas noturnas à cobertura vacinal completa (com duas doses ou a dose única da Janssen) de 65% da população adulta da cidade — o índice atual é de 60,8%. Estes estabelecimentos poderão receber até metade da sua capacidade total de público e terão que exigir o passaporte da vacina de todos os frequentadores.

— O que é importante de dizer: anunciei em julho um calendário de três fases. Comunicamos de maneira muito equivocada, passando a impressão de que estava tudo bem. Esse calendário passou pelo escrutínio do nosso comitê científico. Eles prepararam novas etapas de vacinação. Ele cria novas autorizações, mas também novos parâmetros para o futuro. Quando chegarmos a 65% da população vacinada, teremos novas reaberturas — afirmou o prefeito Eduardo Paes (PSD), que avisou: — Se voltar a piorar, muda tudo novamente.

O decreto também deu sequência a uma série de flexibilizações iniciada na semana passada, com a redução do distanciamento físico mínimo obrigatório para um metro em determinados locais. Agora, atividades comerciais e de prestação de serviços em shoppings e centros comerciais, assim como museus, bibliotecas, cinemas, teatros e outros, não têm mais limite de lotação em locais abertos. Em ambientes fechados, a lotação foi ampliada de 60% para 70% da capacidade. O distanciamento entre as pessoas continua sendo de no mínimo um metro.

Em bares, lanchonetes, restaurantes e congêneres, passa a ser permitido o atendimento de clientes em pé em área externa. E o distanciamento mínimo entre as mesas diminuiu de 1, 5 metro para 1 metro. O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, afirmou que o atual cenário epidemiológico possibilitou as flexibilizações.

— Tivemos redução muito importante nas internações e nos casos, o que vai se refletir nos óbitos. Temos um dos melhores panoramas de toda a pandemia. A pandemia não acabou, mas temos um cenário muito positivo pela frente — projetou Soranz.

A queda nos indicadores da Covid-19 anunciada pela prefeitura há uma semana se ampliou, segundo o 37º boletim epidemiológico do município, divulgado nesta sexta-feira em entrevista coletiva. Com base nisso, a Secretaria municipal de Saúde (SMS) classificou 30 das 33 regiões administrativas da cidade do Rio como de risco moderado de contágio pelo coronavírus; no levantamento anterior, eram apenas seis nesse nível, que é o mais baixo numa escala de três. Centro, Copacabana e Tijuca estão em alto risco, e nenhuma RA ficou na zona de risco muito alto.

Entre as semanas epidemiológicas 34 e 36, houve redução de 47% nas internações por Covid nas unidades do SUS na capital. Na primeira semana de referência, 661 cariocas foram hospitalizados com a doença e na última, 352. Os atendimentos nas redes de urgência e emergência também seguem em queda. Já o número de óbitos pelo coronavírus está estável, o que já era esperado, segundo explicou o subsecretário de Vigilância em Saúde, Márcio Henrique Garcia.

— Em relação ao número de óbitos, o efeito ocorre um pouco depois. Agora vemos uma interrupção na tendência de crescimento — disse Garcia.