Jornal Povo

Policial penal do Rio é escolhido pela ONU para participar de projeto de segurança

O projeto do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime visa fortalecer os esforços interagências do Brasil para enfrentar o crime organizado no sistema penitenciário

Um policial penal do Rio de Janeiro, William Ferreira Jr., foi selecionado pela Organização das Nações Unidas (ONU) para participar de um projeto de pesquisa sobre o crime organizado nos presídios e tráfico de drogas em perspectiva regional. O projeto, do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), visa, no âmbito prisional, fortalecer os esforços interagências do Brasil para enfrentar o crime organizado no sistema penitenciário nacional, incluindo apoio à gestão penitenciária.
Em 2019, o policial penal William teve a oportunidade de apresentar um “paper” (artigo acadêmico sobre um assunto determinado) durante o congresso da Associação de Estudos Latino-Americanos (Lasa), em Boston, nos Estados Unidos. Na ocasião, William falou sobre pesquisa etnográfica e os encarcerados do Bangu 5, que são ligados à maior facção criminosa do estado do Rio. 

O trabalho foi desenvolvido durante sua graduação em Segurança Pública.

Tudo começou com uma reportagem que li sobre um jornalista investigativo dos Estados Unidos, que se propôs a fazer o processo seletivo pra atuar como agente prisional em uma cadeia de Nova York. É uma oportunidade grandiosa. Motivo de orgulho para mim e para minha família. E tenho consciência de que nada disso seria possível sem a expertise adquirida na Seap (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária)“, afirmou William.

Em abril deste ano, o policial penal recebeu um e-mail do UNODC Brasil e Cone Sul perguntando se ele teria interesse e disponibilidade para passar por entrevistas e testes, por meio de videoconferência, com representantes e executivos do organismo. Após aprovação na etapa inicial, William participou efetivamente do processo passando pelo modelo de entrevista da ONU, que realiza entrevistas baseadas em competências, além de uma avaliação escrita em Português e entrevista em Inglês.

Estudei muito as relações interpessoais dos aprisionados e, durante a pós-graduação na Escola Superior de Guerra, construí uma relação entre as chamadas novas ameaças, a faccionalização (nacionalização das facções prisionais“, explicou o policial penal, que ingressou na Seap há cerca de oito anos com o propósito de pesquisar e trabalhou durante cinco anos na atividade-fim, no Presídio Elizabeth Sá Rego (Bangu 5).

Para o secretário de Estado de Administração Penitenciária, Fernando Veloso, o convite da ONU para um representante da Seap é extremamente honroso para toda a secretaria: “A importância do estudo acadêmico é muito grande para o crescimento dos policiais penais em suas carreiras, e o exemplo do William é fator motivador para toda a categoria. Vendo o exemplo do companheiro, outros devem seguir esse caminho para conseguir posições relevantes na área acadêmica”.