Jornal Povo

Douglas Costa promete jogar Série B se o Grêmio cair, mas cobra: “Time não é só feito de superávit”

Douglas Costa prometeu jogar a Série B do Brasileirão pelo Grêmio caso o rebaixamento se concretize. O meia-atacante ainda fez uma cobrança pública ao dizer que um time não é só feito de superávit, citando que o Corinthians contratou quatro jogadores e subiu na tabela da competição.

As manifestações ocorreram em entrevista ao Canal Pilhado na tarde desta segunda-feira. Douglas está emprestado pela Juventus por um ano, mas há possibilidade de renovação automática ao término do contrato até o final de 2023, caso a Juve não exerça, até o fim deste 2021, a opção de renovar até junho de 2023.

Não pode jogar a toalha. Eu continuo. Óbvio (que ficaria). Tenho mais dois anos de contrato. Não tem para onde correr.

— Douglas Costa ao Canal Pilhado

– Claro que queria estar brigando por títulos. Mas jamais vou jogar a toalha, vou continuar lutando para o time permanecer, jogar o próximo Brasileiro e que cheguem caras importantes também. O time não é só feito de superávit, passar o ano bem financeiramente. O Corinthians mostrou uma coisa bacana, estava no meio da tabela, sofrendo, contratou quatro jogadores importantes e reverteu totalmente o quadro do ano. Eu bato muito na tecla. Pode ver que fizeram um elenco em dois meses, contagiou e mudou totalmente a página – disse o jogador.

Outros tópicos da entrevista:

A crise e o rebaixamento

Sendo sincero, nosso maior problema era não ter uma identidade de jogo. Agora a gente criou, mas não conseguimos manter por dois tempos. A gente joga um tempo bem, depois o time dá uma apagada. Isso interferiu muito na nossa caminhada no Brasileiro. Não só eu, mas todos do grupo estão confiantes porque a gente sabe que o nosso time não chega a ser um time ruim. Era um time que estava um pouco desorganizado. Para nós, cada jogo daqui em diante será uma final. Acho que não só eu, como meus companheiros, a gente está se conhecendo melhor. Eu não conhecia nenhum dos caras que estão no meu time, até eles confiarem em mim demorou um pouco, estou me soltando mais. É mais bem por aí que vamos conseguir sair dessa situação. Uma situação reversível.

Há problema no vestiário? É fator psicológico?

Sendo humilde, quando você está no topo dessa cadeia, eu sou um dos caras, senão o mais importante, um dos. Então acaba que é raro alguém brigar comigo. Eu cobro eles, digo que podem me cobrar, digo que sou normal e quero ajudar muito o Grêmio. Não tem essa relação de a gente brigar no vestiário. A gente se cobra. Tem coisa que pesa no vestiário até alguém se reportar a nós. Acredito que o momento é muito psicológico, a gente fez muitas trocas de treinadores. Desde que estou aqui a gente pegou quatro treinadores. O time oscila muito. Não oscila e troca de peças, mas sim de atitude. Para nós, ali, acostumados, sabemos que temos que fazer o melhor para a equipe, mas tem cara que mexe mais com o emocional. Como falo, não tem tempo para ficar lamentando e fazer essas 11 partidas como se fosse uma final.

Invasão da torcida na Arena

Acho que vai existir uma certa punição, é uma coisa que não pode ser feita. Até porque são coisas que demorou um tempão para colocar torcida para dentro de campo, agora começou a ficar bonito de novo. Inclusive, até antes desse ato, eles estavam dando show, colocando a gente para frente. Eu falo, vamos fazer a torcida jogar com a gente, eles estavam realmente jogando com a gente. Depois, os caras perdem a cabeça. Até porque a situação não é pesada só para nós, mas sim para quem ama o Grêmio há muito tempo. É uma situação feia. Eu queria mais tempo com torcida, eu voltei porque eu realmente gostava muito da Geral, é muito maneiro. Não sei quem foram as pessoas que fizeram isso, nem são integrantes da Geral, mas foi um ato feio.

Perder o apoio da Arena

É uma coisa que a Arena, independente dos resultados que estamos tendo, a gente sempre joga para cima, tenta o máximo. Ainda mais com o Mancini que tem uma ideia de jogo para frente, pressionar lá em cima, numa ideia que eu fui ensinado lá fora, jogar em cima, arriscar, criando oportunidades. A torcida realmente estava apoiando muito. A gente perdeu mais um jogador, se tivéssemos um 12º. A torcida realmente estava muito bem, mas teve esse episódio que foi chato.

Período com Felipão

Não é que não deu certo, o Felipão pegou o time com dois pontos e fez 20. Da maneira da qual ele trabalhava, era mais defensiva, mas era gremista, entregou toda sua paixão dentro do clube. Para ser sincero, nunca trabalhei com o Felipão, não sabia como era, sabia de boatos que era mais defensivo. Mas foi um cara que super me entendeu, me ajudou na readaptação dentro do futebol brasileiro, me colocou dentro de vários setores, tentando que eu fosse um dos protagonistas do time. Tem certas coisas que eu nasci, vivi e aprendi com o futebol para frente. Então, jogar por uma bola às vezes prejudica, nessa linha que a gente foi perdendo nosso caminho. O Felipão sempre foi um cara que deu a cara para bater, nunca fugiu. O professor Felipe tem uma ideia de jogo da qual nem todo mundo casou com ele. Mas me doei ao máximo pela ideia dele, apesar de que não é a minha ideia de jogo. Eu sou um cara que fui comprometido com isso. Conversei com o Mancini, qualquer treinador que passar aqui, porque acho que a gente tem a função ideal de trabalhar em prol do Grêmio. Mas resumindo tudo isso, acho que o Felipão nos deu 20 pontos importantes nessa caminhada.

Paulo Turra, auxiliar de Felipão

O Turra é um cara que a gente aprendeu a conviver. Como falamos aqui no Sul, é um cara mais rígido, grosso, do interior. Mas foi um cara bacana também, que nos pressionou, nos alertou de várias coisas importantes. Cada um tem sua parcela de culpa e contribuição.

Fonte: GE