Jornal Povo

Jovem negro preso no Jacarezinho após comprar pão é solto

Preso depois de sair de uma padaria no Jacarezinho, o entregador Yago Corrêa de Souza, de 21 anos, foi solto na tarde desta terça-feira por ordem da Justiça. O juiz Antônio Luiz da Fonseca Lucchese, durante a audiência de custódia, entendeu não haver provas suficientes para manter Yago preso. No entanto, ele ainda responderá ao processo.

— Esses foram os piores dias da minha vida. Isso aqui é um inferno. Eu só quero justiça. Eu pensei que iria ficar aqui dentro. Passei fome — disse o  entregador Yago Corrêa de Souza, após deixar a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica.

 Os advogados disseram que não há como imputar o crime de tráfico de drogas a ele. Em um dos vídeos, feito na padaria, às 19h34m, Yago aparece de bermuda jeans e camisa do Flamengo comprando pão. O vídeo mostra a atendente servindo ao menos sete pães a Yago, que pega o pedido e caminha em direção à porta do estabelecimento.

“Diante das circunstâncias em que teria se dado a prisão, sem perder de vista que aqui há evidente necessidade de que os fatos sejam mais apurados, sobretudo diante da dinâmica dos fatos, certamente faz com que se esvaia qualquer substrato para se cogitar, neste momento, de prisão cautelar, ainda mais diante da manifestação a posteriori da autoridade policial”, disse o juiz em um trecho da decisão.

O delegado assistente da 19ª DP (Praça da Bandeira), Marcelo José Borba Carregosa, que está cuidando do caso  afirmou que Yago “estava na hora errada e no lugar errado”. Carregosa destacou que “houve um erro” e que a versão apresentada pela família do jovem negro detido era verdadeira, e pediu que o juiz da custódia liberasse Yago.

Só após a prisão, a Polícia Civil reconheceu que Yago havia sido preso de forma equivocada. Carregosa declarou que “muitos elementos foram levados” em consideração para o pedido de soltura do entregador.