Jornal Povo

Acusado de matar ex-namorada e amiga em casa em Nova Friburgo é condenado a 19 anos e 4 meses

Rodrigo Marotti, de 33 anos, foi condenado a 19 anos e 4 meses de prisão pela morte da ex-namorada Alessandra Vaz e da amiga dela, Daniela Mousinho, em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio. O crime aconteceu em outubro de 2019. O réu foi levado ao Tribunal do Júri nesta terça-feira, no Fórum de Nova Friburgo, num julgamento que durou mais de 12 horas. No entanto, Rodrigo foi condenado pelo crime de incêndio com resultado de mortes e não por duplo feminicídio e intenção de matar.

Parentes das vítimas não concordaram com a decisão do júri e se dizem revoltados com a sentença. Assim como o Ministério Público do Estado, as famílias vão recorrer. Luiza Mousinho, filha de Daniela, destacou a dinâmica do crime, o que considera fortalecer a tese de se tratar um caso de feminicídio:

“É de um absurdo imenso que você olhe pra um crime desse, que você ouça os advogados falarem o dia inteiro, que você ouça diversas testemunhas falarem que um homem pegou um colchão, ateou fogo e colocou na porta do banheiro que era a única das duas mulheres e que no final ele não teve intenção de matá-las. Isso é um absurdo. Então nós estamos muito revoltados com a decisão do júri”, disse Luiza Mousinho ao G1.

Daniela Mousinho, amiga de Alessandra Vaz
Daniela Mousinho, amiga de Alessandra Vaz Foto: Reprodução / Redes sociais

Ativa nas redes sociais com uma campanha que pede pela pena máxima para Rodrigo Marotti, Andresa Vaz, irmã de Alessandra, publicou ma madrugada, após a sentença, uma mensagem sobre a condenação, com a consideração por outros crimes que não feminicídio, acompanhada pela legenda “Sem forças”.

Relembre o caso

No dia 8 de outubro de 2019, Rodrigo foi até a casa de Alessandra e invadiu o imóvel. Ele trancou a ex-namorada e a amiga dela Daniela, que também estava no local, dentro de um banheiro. Ele então deu início a um incêndio e usou um colchão em chamas para bloquear a porta do cômodo. Em seguida, Rodrigo fugiu do local, no carro de uma das vítimas, mas acabou sofrendo um acidente.

As duas mulheres foram socorridas por vizinhos ainda com vida. Elas apontaram Rodrigo como autor do crime. Daniela morreu no dia seguinte, no hospital, com queimaduras em mais de 80% do corpo.

Rodrigo foi preso no dia seguinte ao crime. A Justiça definiu, em outubro de 2021, que ele seria levado ao Tribunal do Júri.

MP recorre

De acordo com o portal G1, o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) recorreu, ainda na própria sessão de julgamento, para entender a decisão dos jurados. O recurso quer submeter o acusado a novo julgamento, após a anulação do júri, sob a acusação de duplo feminicídio em nova sessão plenária.

Segundo o MPRJ disse ao G1, os jurados entenderam que não houve dolo de matar, desclassificando o crime. O réu foi condenado pelos crimes de incêndio qualificado com resultado morte e furto praticado durante o repouso noturno, totalizando uma pena de 19 anos e 4 meses em regime inicial fechado.