Jornal Povo

Fora do ‘BBB 22’, Naiara Azevedo diz que conseguiu se mostrar por inteiro: ‘É como se eu tivesse deletado a artista’

Naiara Azevedo afirma que conseguiu o que mais queria com sua participação no ‘Big Brother Brasil’: ser reconhecida para além de sua profissão. A cantora revela que viveu uma verdadeira “montanha-russa de emoções” na casa: alegria, medo, rejeição e acolhimento fizeram parte da trajetória da terceira eliminada da 22ª temporada do programa. Boas doses de memes também fizeram parte da passagem de “Nanacita” – como o público a apelidou.

Ao deixar o reality esta semana com 57,77% dos votos, em uma berlinda contra Arthur Aguiar e Douglas Silva, a cantora constata que agora se sente querida por ser a Naiara de Fátima, que tanto falou na casa: “Em poucas horas aqui fora eu me senti tão amada, tão vista de verdade, não como artista, mas como eu sou. É como se eu tivesse deletado a artista. Estou vivendo apenas eu, estou me sentindo bem quista por ser quem eu sou, sem filtros…”, diz.

Naiara Azevedo Foto: João Cotta/Rede Globo/Divulgação

A seguir, Naiara fala sobre a convivência com os brothers e sisters no ‘BBB 22’, abre sua estratégia de jogo e comenta sobre as amizades que fez no reality.

Como foi participar do ‘BBB 22’? Era como você esperava quando aceitou o convite?

Foi uma viagem muito louca, uma montanha-russa e um presente muito grande. Nenhuma terapia no mundo faria eu me conhecer tanto como no BBB. Não existe nada que pudesse fazer eu me entender e viver o que eu vivi comigo mesma lá dentro. Depois de tanta solidão, de alguns momentos de tristeza, de dúvida, de incerteza e de tudo o que eu vivi, em poucas horas aqui fora eu me senti tão amada, tão vista de verdade, não como artista, mas como eu sou. É como se eu tivesse deletado a artista. Estou vivendo apenas eu, estou me sentindo bem quista por ser quem eu sou, sem filtros, sem ninguém me passando uma pauta do que eu devo ou não falar. As pessoas agora já me conhecem.

Naiara Azevedo
Naiara Azevedo Foto: João Cotta/Rede Globo/Divulgação

Você chegou a apontar que alguns participantes ficaram com pé atrás com você na primeira vez que tiveram contato. Imaginava que seu comportamento poderia chamar a atenção ou incomodar alguém na casa?

Não, porque a gente não se enxerga. É mais fácil falar sobre o outro. Eu sei que eu sou uma pessoa de personalidade muito forte, sou expressiva, falo com as mãos, com o rosto, com o corpo. E algumas pessoas gostam muito; outras não gostam; e há quem fique assustado. Nem Jesus agradou a todos, então quem sou eu para agradar com esse jeitão meu?

No penúltimo jogo da discórdia, você foi apontada como uma das participantes que mais tinha medo de se comprometer na competição. Como você enxerga essa percepção dos brothers? Você de fato tinha esse medo?

Era o meu jogo. Para que eu vou contar para as pessoas? Não assinei nenhuma cláusula afirmando que eu deveria contar para eles em quem eu iria votar, o que eu iria fazer e o que eu estava pensando (risos). Eu não entendia por que eles ficavam me cobrando esse posicionamento. Eu faço o que eu quiser, falo o que eu quiser, voto em quem eu quiser.

Sentiu diferença entre os dois paredões que enfrentou? Como foi lidar com cada um deles?

Senti. Nesse último eu senti paz. O Tadeu falou que não tinha como sentir paz estando no paredão, mas tem sim, porque eu senti (risos). Eu estava ótima, não fiquei preocupada com nada. Eu não fui por votação da casa nem por indicação de líder; eu simplesmente tirei um papel em que estava escrito “paredão”. E eu sou muito assim: acredito nas coisas que estão predestinadas a mim. Eu tenho muita fé e a minha crença me diz que as coisas que são para ser minhas serão. O que é do homem o bicho não come. Se aconteceu foi porque tinha que acontecer. Eu quis pegar aquele papel; ninguém me obrigou. Os números da prova Bate e Volta eu escolhi porque quis, também. Eu me coloquei naquela situação. O que ia adiantar eu ficar chorando por estar no paredão, igual da outra vez? Eu levei tudo da forma mais leve possível agora. Chorar não ia adiantar, meu pai e minha mãe não iriam lá me buscar; ninguém iria me socorrer (risos). A votação iria acontecer do mesmo jeito, eu iria encontrar o Tadeu e estava tudo certo. O que eu tinha para fazer eu tinha feito.

O que te fez mudar de ideia e permanecer no jogo, após ter ameaçado deixar o reality?

Um monte de coisas foram acumulando no meu psicológico. E, por eu ter pensado em desistir, quando fui para o paredão com dois pipocas com quem eu havia conversado bastante e entendido o tamanho do sonho deles, por alguns minutos eu não me senti digna de dividir votos com eles. Não estou dizendo de forma pretensiosa que eu poderia estar melhor do que eles porque nunca se sabe. Eu não sabia o que estava acontecendo, principalmente diante da minha situação naquele momento. Eu não sabia o que as pessoas estavam pensando a meu respeito. Mas eu não me senti digna de dividir aquele sonho com eles porque, se eu pensei em desistir e aquilo nunca havia passado pela cabeça deles, seria egoísmo da minha parte disputar o paredão com eles – pelo simples fato de dividir votos. Conversando com as pessoas, elas me diziam que eu era tão digna quanto qualquer um que estava lá, que o sonho de um não era maior que o do outro. Eles foram me dando injeções de ânimo, me falando coisas positivas, me abrindo os olhos, e aí eu fui voltando para mim. Fui lembrando da minha história, de quem eu sou e do trajeto que percorri para chegar até lá. E pensei: ‘se eu fui selecionada para estar no BBB é porque, sim, eu mereço estar aqui’. Na madrugada do paredão, eu tive uma conversa com o Tiago e perguntei se era errado eu dizer que queria ficar, que eu queria tentar. E ele disse que não era errado. A partir dali eu comecei a dizer que de fato queria ficar. Eu nunca desisti de nada na minha vida, sempre lutei por tudo o que eu quis e acreditei. Eu sempre bati o pé e fui atrás dos meus sonhos. Por que agora seria diferente, se ainda estava em tempo?

Quais as diferenças entre a Naiara que entrou no BBB e a que sai agora do reality?

Se eu já tinha os dois olhos abertos, agora eles estão arregalados. A diferença de quem entrou para quem saiu é a certeza de que eu posso confiar na minha intuição. Eu me sentia culpada, me sentia mal por pensar que aquelas pessoas podiam estar sendo falsas comigo. Elas me abraçavam, me beijavam, falavam coisas boas, mas eu sentia a energia, via as risadinhas e os olhares, ouvia os sussurros. Eu entrava numa confusão mental muito grande: “Será que eu estou pensando mal das pessoas que me tratam tão bem?” Isso foi me dando uma neura. Mas agora eu saio me sentindo orgulhosa por não ter desrespeitado a educação que meus pais me deram, por ter conseguido ser eu mesma e não ter sido rejeitada por isso. Sim, eu posso ser amada por quem de fato eu sou.

Muitas vezes você afirmou que se sentia sozinha na casa. Algum tempo depois, formou um quarteto com Jessilane, Natália e Linn. Acredita que essa união se deu em função das circunstâncias do jogo ou por afinidade?

Eu me conecto com a energia delas, tem muito a ver comigo, de onde eu vim, da minha criação. Eu me peguei pensando: ‘por que eu gosto tanto dessas pessoas? Elas são tão diferentes de mim’. Mas, não, elas são muito iguais. A gente se conecta na nossa essência, não nas características. A gente não tem que conviver nos mesmos ambientes ou vir dos mesmos lugares para se conectar; é o que está dentro da gente. A simplicidade que eu encontrei nelas se conecta com a que existe dentro de mim.