Jornal Povo

Fluminense vê nível cair sem Ganso, e alto número de finalizações mascara baixa periculosidade

As 23 finalizações podem até mascarar, mas o Fluminense não foi tão perigoso quanto pode parecer no empate com o Santos em 0 a 0, no último sábado, no Maracanã. Diante de um adversário que pouco produziu e teve uma atuação fraca no duelo, o Flu viu sua qualidade e produtividade cair significativamente sem Ganso.

Por mais que tenha ficado mais com a bola e criado mais, o número de chances perigosas é bem menor: foram quatro oportunidades que realmente levaram risco aos alvinegros.

Nathan lamenta chute para fora em Fluminense x Santos — Foto: Alexandre Durão/ge
Nathan lamenta chute para fora em Fluminense x Santos — Foto: Alexandre Durão

Por conta do bom desempenho da equipe nas últimas partidas, Abel decidiu manter o mesmo estilo de jogo ao colocar Nathan no lugar de Paulo Henrique Ganso, poupado para o duelo com o Santos. O treinador até optou por seguir jogando com um meia de criação, mas o camisa 13 não conseguiu manter o mesmo nível de Ganso, e o Tricolor sentiu o impacto da ausência de seu 10.

Nathan desempenhou a mesma função de Ganso: atuou pelo lado direito do campo, enquanto Arias aparecia pela esquerda, com a possibilidade de movimentação e até inversão em determinados momentos do jogo. Enquanto o colombiano usou e abusou da mobilidade pelo campo, o camisa 13 aparentou ter sentido muito a falta de ritmo, ficou apagado durante a partida e, mais uma vez, não aproveitou a chance que recebeu na equipe.

Outro que também não esteve em um bom dia foi Calegari, e assim, somando com a dificuldade de articular suas jogadas pelo meio, o Fluminense acabou concentrando suas ações pelo lado esquerdo do campo no primeiro tempo, com participação de Cris Silva e Jhon Arias.

Sem Ganso, a equipe não teve a a mesma facilidade de articular jogadas por dentro, como vinha acontecendo nas últimas partidas. Outro ponto que contribuiu para o meio-campo do Flu a perder qualidade foi o fato de Yago Felipe também ter jogado abaixo do esperado, errando passes bobos no meio de campo e, em alguns casos, gerando contra-ataques santistas. O volante acabou substituído no intervalo por Nonato.

Yago Felipe em Fluminense x Santos — Foto: Alexandre Durão/ge
Yago Felipe em Fluminense x Santos — Foto: Alexandre Durão

Na etapa final, aos 19 minutos, Abel colocou Luiz Henrique na vaga de Nathan e retornou à formação 3-4-3, que vinha sendo adotada antes de Ganso voltar a ter boas atuações. Aos 32, Calegari, que sentiu incômodo e pediu para sair, deu lugar a Willian.

Assim, Bigode passou para o lado esquerdo, Arias passou a aparecer pelo lado direito, junto com Luiz Henrique, e Nino improvisou a lateral direita, e a equipe seguiu buscando jogadas pelo lado, especialmente pela direita. A partir do momento em que Fred entrou no lugar de Cano e o time passou a atuar com quatro atacantes em campo, a única grande chance foi quando Luiz Henrique enfiou boa bola para o camisa 9 acertar a trave aos 39 – a principal oportunidade do duelo.

Fred chuta e acerta bola na trave em Fluminense x Santos, no Maracanã — Foto: Alexandre Durão/ge
Fred chuta e acerta bola na trave em Fluminense x Santos, no Maracanã — Foto: Alexandre Durão

Além dessa oportunidade, o Flu teve outras três chances de maior perigo: aos 36 do primeiro tempo, quando Nino desviou de cabeça e Cano tentou o toque dentro da área, aos 38, em chute de fora da área do argentino, e aos 31 do segundo tempo, com Luiz Henrique de longe em chute colocado.

O Flu até finalizou muito, mas o time careceu de chegadas e finalizações com mais qualidade. Pelo que o Fluminense apresentou nas partidas anteriores, não é exagero algum afirmar que faltou Ganso.

– Não gosto de falar isso, mas hoje com Ganso, com certeza, pelo momento que ele está atravessando, poderia ser um pouco diferente, não sei. Ou poderia ser pior, porque o Santos entrou com três volantes e dificultou bastante, poderia ser difícil com ele também. Mas nesses últimos jogos, como o crescimento com a equipe deu-se com ele… Ele tem uma clarividência muito grande. Não é de intensidade, mas é de uma inteligência muito rara – disse Abel na coletiva.

Abel Braga em Fluminense x Santos, no Maracanã — Foto: Alexandre Durão/ge
Abel Braga em Fluminense x Santos, no Maracanã — Foto: Alexandre Durão

Pelo que o Santos apresentou, a sensação para o torcedor é de que dois pontos foram perdidos na partida. Mas o resultado também tem um caráter de choque de realidade: o Brasileirão é uma competição que vai exigir muito mais do Tricolor, inclusive contra equipes que demonstram ter menos a apresentar.

Outra conclusão que pode ser tirada, pelo menos por enquanto, é que a equipe pode se complicar nas ausências de Ganso, que não devem ser poucas, já que o calendário está constantemente apertado, e o jogador já tem 32 anos. Resta encontrar uma alternativa para quando o camisa 10 não puder entrar em campo.

O Fluminense volta a campo na quarta-feira para encarar o Junior Barranquilla, às 21h30 (de Brasília), no Estádio Metropolitano. Na próxima rodada do Brasileirão, o Flu enfrenta o Cuiabá fora de casa. A partida está marcada para às 21h de sábado na Arena Pantanal.

Fonte: GE