Jornal Povo

Motorista de carro alegórico que imprensou menina contra um poste foi ouvido pela polícia no Rio

Três pessoas foram ouvidas, nesta quarta-feira, por policiais da 6ªDP (Cidade Nova), em um inquérito que apura as responsabilidades pela morte da menina Raquel Antunes da Silva, de 11 anos. A criança teve o corpo imprensado entre um carro alegórico e um poste, na noite do último dia 20, na Rua Frei Caneca, no entorno do Sambódromo. Entre os que prestaram depoimento estão o motorista do veículo e Jefferson Carlos Leite, diretor de operações da Liga-RJ.

Esta última cuida dos desfiles da escolas da Série Ouro. Além deles, a polícia também ouviu Carla de Brito, que segundo a polícia, fez parte da comissão de carnaval da Liga-RJ, em 2022 . O teor dos três depoimentos não foi revelado pela polícia.

Quando o acidente ocorreu na Rua Frei Caneca, depois do final do desfile da Em Cima da Hora, o carro alegórico não era pilotado pelo motorista e estava sendo rebocado por uma empresa de guindaste.

A menina teve uma perna amputada e chegou a ser internada no Hospital Souza Aguiar, no Centro do Rio. Ela não resistiu aos ferimentos e morreu dois dias após da entrada no hospital.

Marcela Portelinha Antunes (de cinza), mãe da menina Raquel, é amparada por parentes na saída do hospital
Marcela Portelinha Antunes (de cinza), mãe da menina Raquel, é amparada por parentes na saída do hospital Foto: Agência O Globo

Todos os ouvidos deixaram a delegacia sem falar com os jornalistas. Até agora, cinco dirigentes envolvidos na organização do carnaval da Série Ouro estão entre as mais de dez pessoas já ouvidas pela polícia no inquérito. Na última segunda-feira, Wallace Palhares, presidente da Liga-RJ, prestou depoimento na delegacia. Além dele, prestaram declarações na mesma ocasião, o ex-diretor de carnaval da Liga-RJ, Cícero da Costa, e Flávio Azevedo, diretor de carnaval da escola Em Cima da Hora.

Cícero saiu sem falar com a imprensa. Já Flávio, se limitou a dizer que foi apenas “prestar esclarecimentos”. Ele já havia prestado depoimento na unidade uma semana antes de ser reinquirido.

Uma postagem feita no Instagram da menina defendeu Marcela Portelinha, mãe da criança, de críticas recebidas nas redes sociais de que teria responsabilidade na morte da filha Raquel Antunes. O post teria sido feito por uma amiga de Raquel, segundo alegou Marcela Portelinha.

— Oi, eu sou uma anjinha, não posso responder por mim, então é minha mãe que está falando com todos vocês. Sou eu, Raquel. Vim dizer que amo todos vocês e estou vendo o sofrimento de vocês por mim. Todos que estão criticando a minha mãe, Marcela. A culpa não é dela. Subi por conta própria. Não tenho muito tempo para falar. Mãe, eu te amo. Seja forte e corajosa. Não temas e não desanime. Sou teu Deus — diz o texto publicado no Instagram de Raquel.

Marcela prestou depoimento em 25 de abril na 6ª DP (Cidade Nova). Ela chegou à delegacia chorando, pouco depois das 13h, amparada por outras três mulheres, e deixou o local por volta das 15h40, por uma porta lateral e sem falar com jornalistas.

As investigações sobre o caso ainda estão em andamento. A Polícia Civil investiga o fato como homicídio culposo, quando não há intenção de matar. A delegada Maria Aparecida Mallet, titular da 6ª DP, disse que vai comparar as imagens de um vídeo, que flagrou o momento do acidente, com os depoimentos prestados até agora, entre eles, o de uma guia do carro alegórico, que manobrava na Rua Frei Caneca, na área externa do setor de dispersão.

A delegada disse ainda que vai aguardar o resultado de três perícias, entre elas um laudo complementar, exame que foi concluído nesta segunda-feira, para saber exatamente como ocorreu o acidente com a menina Raquel Antunes da Silva. O inquérito tem 30 dias para ser remetido à Justiça, a contar da data que foi instaurado.