A juíza Raquel Assed da Cunha, da 1ª Vara Criminal Especializada, converteu, durante audiência de custódia, na tarde desta sexta-feira, dia 13, a prisão em flagrante em preventiva da quadrilha de estelionatários de Balneário Camboriú, no litoral de Santa Catarina, que estava atuando no Leblon, na Zona Sul do Rio. No despacho, a magistrada afirma que são graves os crimes imputados pela Polícia Civil a Angélica de Jesus Albercht , Fernanda Natalina dos Santos Lima, Willian Teixeira Chicorsky e Diego Luís Pereyra Ferreira e que o grupo integra uma organização criminosa que pratica delitos em sequência e em todo o território brasileiro.
“Assim, evidente a necessidade da conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva do custodiado como medida de garantia da ordem pública, sobretudo porque crimes como esse comprometem a segurança de moradores da cidade do Rio de Janeiro, impondo-se uma atuação do Poder Judiciário, ainda que de natureza cautelar, com vistas ao restabelecimento da paz social concretamente violada pela conduta do custodiado”, escreveu Raquel Assed da Cunha.
A juíza afirma que a defesa chegou a pedir o relaxamento da prisão por violação de domicílio, mas alega que um dos criminosos teria franqueado a entrada dos agentes da 14ª DP (Leblon) no apartamento alugado pela grupo, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio:
“Foi juntada aos autos conversa de Whatsapp do custodiado Willian com a custodiada Fernanda, orientando-a a esconder os cartões de crédito e arma de fogo. A gravidade da conduta é acentuada, já que os custodiados, associados entre si, praticavam crimes graves pelo território nacional, mantendo grupo de Whatsapp para o acerto da prática das condutas, cuja conversa foi juntada aos autos. A autoridade policial juntou aos autos informações de outros estados em que o custodiado Diego responde a diversos outros processos envolvendo estelionato e outras fraudes”.
De acordo com as investigações da 14ª DP, Fernanda, Angélica, Willian e Diego aplicavam golpes pela deep web — sites e servidores da internet que não aparecem nas ferramentas de buscas: após adquirirem dados bancários das vítimas, o grupo gerava links falsos de pagamentos em cartões de crédito e transferia altas quantias para contas correntes de “laranjas”. Os prejuízos das vítimas passam de R$ 1 milhão.
Segundo a delegada Daniela Terra, titular da 14ª DP, com os valores do golpe, o grupo ainda realizava compras de bens de luxo, como joias, para revender. Foram identificados dois apartamentos na Barra da Tijuca, na Zona Oeste da cidade, onde eles estavam hospedados, e ainda apreendidos com ele um carro Audi Q3, dez celulares, R$ 4 mil em espécie, uma pistola com a numeração raspada, dois carregadores, além de munição.
O inquérito aponta que Diego Luís Pereyra Ferreira, Willian Teixeira Chicorsky, Fernanda Natalina dos Santos Lima e Angélica de Jesus Albercht se beneficiavam dos valores obtidos com os golpes e ostentavam uma vida de luxo, com uso de carros e motos importadas, lanchas e jetski.
— Com a evolução da tecnologia e a disseminação dos bancos digitais, as quadrilhas se especializaram na aplicação de golpes, sobretudo no ambiente da deep web, a parte da internet que fica oculta do grande público. Para evitar esses crimes, é preciso que essas instituições financeiras invistam em segurança e os clientes redobrem a atenção e também não comprem produtos de procedência duvidosa — explica a delegada Daniela Terra.
Na delegacia, os bandidos ofereceram R$ 150 mil aos policiais para serem liberados. Eles foram autuados em flagrante por estelionato, associação criminosa, corrupção ativa e posse de arma de fogo de uso restrito.