Jornal Povo

POEMAS & POESIAS: “Nossas escolhas”

Por: Dr. Luiz Alberto Soares, Juiz de Direito e Escritor.

A gente faz nossa estratégia, mas, sem que tenha havido nenhum deslize, ela não sai como planejamos. De repente alguém diz que não dá mais. Por quê? E lá vamos nós recomeçarmos. E logo agora que tudo estava indo tão bem. Começar de novo é sempre um desafio, pois é um caminho ainda desconhecido, onde, no trajeto, algo pode nos pregar uma surpresa, como chuva em plena tarde de verão. O problema é que, em certa fase da vida, a gente se desarma, se acalma, e não é toda batalha que estaremos dispostos a lutar. Aí a gente percebe que o que prometemos caiu no esquecimento, e o para sempre não foi para sempre. Acomodar-se é deixar a vida de lado. De repente, percebi que a vida é mais do que isso, que ela vai ter fim e que ela é uma permanente reinvenção de nós mesmos, para não morrermos soterrados na poeira da banalidade, embora pareça que ainda estamos vivos.
Compreendi, que o inesperado nos coloca em situação delicada e, apesar dos medos, convém não ser demais fútil nem demais acomodado. Algumas vezes, é preciso tomar as rédeas, ir sem olhar para trás, mergulhar para depois ver o que acontece, porque a vida não tem de ser bebida como uma taça que se esvazia, mas como o jarro que se renova a cada gole bebido.
Para reinventar-se é preciso pensar, refletir, apagar de vez o que nos fez mal, abrir as portas de nossas escolhas, ainda que ela dê para um nada. Estamos jogando errado esse jogo da vida, e queremos mesmo é mostrar o que não somos. O que fazemos com nosso tempo, amores, amigos? Mas pensar pode nos fazer ver além daquilo que queremos, e teremos a ameaça de enfrentar a nossa alma no espelho, sair para as varandas de si mesmo e olhar em torno, e quem sabe, finalmente, respirar. Mas podemos nos esconder, sufocar nossas interrogações, e deixaremos passar o que poderia ser uma grande mudança, ou até mesmo, o renascer da esperança. Tudo depende da perspectiva de cada um. O todo nos espera, nos convoca, até nos obriga a agir como eles entendem. Assim, faremos parte da tribo. Se não me adequar, sou chutado para escanteio. É desse jeito. E as possibilidades vão escrevendo nossa história. Boa ou ruim, ela será contada, tenha um final feliz ou nem tanto assim. O mundo sempre esteve aí, antes mesmo de nós, e depende de como o olhamos. Viver, ou morrer, tem uma razão, e não saberemos entender qual. Talvez seja reciclar -se. Por isso, somos convidados a enfrenta-la, reprograma-la e executa -la de uma forma que valha a pena e que deixe a sensação do dever cumprido; a questionar, sem revolta, e não simplesmente aceitar, pois devemos ter dignidade.
E, por fim, devemos sonhar, porque se desistimos disso apaga-se a última claridade e viveremos na escuridão da alma.
Devemos reagir, afinal, nosso tempo está esgotando -se e não podemos desperdiçar está chance.