Jornal Povo

POEMAS & POESIAS:”O tempo”

Por: Dr. Luiz Alberto Barbosa, Juiz de Direito e Escritor

Aí a gente percebe que, passados alguns anos, o ritmo não precisa ser tão frenético. Que ficar em casa em uma sexta a noite sem fazer nada também tem seu lado prazeroso e pode ser bom o bastante. Aí agente percebe que o tempo passou como um rolo compressor por cima de nós, e que alguns de nossos sonhos foram deixados para trás. Agora, para certas coisas, é muito tarde para fazer diferente. O amor fica mais leve, a voz mais suave, as vontades mais controladas, os desejos mais moderados, a caminhada mais lenta. Aprendemos a ter paz, a maturidade nos mostra que não devemos provar nada a ninguém, que, a esta altura, não é preciso mostrar o quão inteligente nós somos, nem o que temos, pois o tudo, nesta fase, não é muita coisa. Que mais que escutar a música, a gente quer mesmo é entender a letra. Que cada dia que passa é um dia a menos no calendário da nossa vida. Aí a gente se distrai um pouco e quando voltamos a si, já se passaram 40, 50 anos. Aí a gente cai na real e vê que muito do que buscarmos não foi tão importante, e que perdemos tempo por tão pouco. A gente foge de discussão, quer mais união, dar a mão a um amigo que clama por ajuda, ver as estrelas no céu, o entardecer da janela do quarto, a simplicidade revestida de felicidade e um combo de momentos que irá se eternizar em nossas memórias. O problema é que, inconsequentes, nem sempre vemos com clareza a beleza da vida.
Aí a gente um dia descansa e vai ser apenas lembrança (por um tempo) naqueles que fizerem parte da nossa jornada.