Encontro aconteceu no Palácio Guanabara e contou com a presença do governador Claudio Castro

Na tarde de quarta-feira, a Supervia entregou ofício à Secretaria estadual de Transportes comunicando que não tem mais interesse em operar na malha ferroviária do estado. O GLOBO apurou que o impasse envolve o cumprimento, pelos japoneses, de investimentos na melhoria de seu sistema previstos em um dos aditivos ao contrato, alegando que haveria um desequilíbrio econômico-financeiro.
O impasse envolvendo a SuperVia está longe de chegar ao fim. Isso porque a decisão abrange uma proposta para a assinatura de mais um aditivo ao contrato de concessão prevendo que o Estado indenizasse a concessionária em mais de R$ 70 milhões. A medida abrange a perda de passageiros durante a pandemia em troca de investimentos. Sem esses recursos, a SuperVia afirma que só terá dinheiro em caixa para operar o sistema até agosto. A informação consta em uma carta que o presidente da concessionária, Antônio Carlos Sanches enviou à secretaria estadual de Transportes no último da 20. Ela é anterior à nova correspondência enviada pela controladora Mitsui, na quarta-feira.
Inicialmente, o estado concordou em fazer um acerto de contas com a Supervia. Mas a negociação chegou a um impasse no fim de março como relata Sanches.
As negociações estavam em andamento desde 5 de agosto de 2022, quando a concessionária e o governo do Estado assinaram o 12º termo aditivo. Nele, o governador Cláudio Castro se comprometeu em pagar nos meses seguintes inicialmente R$ 251 milhões para reequilibrar o caixa da empresa para compensar perdas da Supervia pela queda de passageiros e congelamento da tarifa durante a pandemia. Em troca, a empresa se comprometia em fazer melhorias na sinalização.
Na ocasião, a Supervia e Castro concordaram em prosseguir as negociações para um novo repasse que compensasse a concessionária em definitivo pelos prejuízos.
No entanto, esses valores ainda não cobriam toda a perda da receita da pandemia. Apenas parte já foi calculada pela Agetransp. Em dezembro de 2022, foi elaborada uma minuta inicial para o acordo, como lembrou Sanches no ofício. Nessa minuta, havia previsão de que o estado arcasse com pelo menos 50% (cerca de R$ 78 milhões de perdas causadas pela pandemia de março de 2020 a fevereiro de 2021, calculadas em cerca de R$ 150 milhões pela Agência Reguladora de Serviços de Transportes Concedidos Aquaviários, Ferroviários, Metroviários e Rodovias (Agetransp) como o valor mínimo para o equilíbrio econômico-financeiro do contrato (conhecido como breakeven).
Em 29 de março, o estado encaminhou uma nova minuta à concessionária revendo as bases da negociação. A nova versão deixou de prever, por exemplo, o pagamento de nova indenização pelas perdas.
Desde que assumiu o controle acionária da Supervia, a GUMI Brasil (braço de mobilidade da Mitsui) estima que já investiu cerca de R$ 1 bilhão na concessão em quase quatro anos. Desse total, R$ 800 milhões relativos aos custos principalmente para o pagamento de dívidas financeiras e realizar investimentos no sistema. Nesse processo, o número de passageiros caiu drasticamente. No auge da pandemia, a operação só contava com 190 mil usuários por dia bem abaixo do que esperava para repor os investimentos e manter a operação não deficitária.