Jornal Povo

Hospital Municipal Carlos Tortelly respira por aparelhos

Unidade que é considerada referência em tratamento de doenças crônicas em Niterói está com estrutura precária, sala vermelha superlotada e outras negligências

 

Grael privatiza Hospital Carlos Tortelly; depois o Orêncio e o Mario Monteiro - Coluna do Gilson

 

Gavetas enferrujadas, buracos no teto e banheiros sujos. Esses são apenas alguns dos muitos problemas que o Hospital Municipal Carlos Tortelly, em Niterói, tem enfrentado não é de hoje.

De acordo com relatos de familiares de pessoas que estão internadas no hospital, além das condições precárias na estrutura do hospital, o atendimento em alguns setores importantes na preservação da vida também tem deixado a desejar. Na Sala Vermelha, por exemplo, há superlotação. O local, que tem capacidade para 15 pessoas, funciona com quase 30, que precisam fazer um revezamento meio que obrigatório com pacientes que chegam na unidade em situação mais grave na unidade.

Gaveta de um dos leitos do hospital toda enferrujada / foto: reprodução

Em fevereiro deste ano, a regional de Niterói do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social no Estado do Rio de Janeiro (Sindprev/RJ) já havia encaminhado um ofício à Secretaria Municipal de Saúde denunciando as condições que já se encontrava a Sala Vermelha do hospital Carlos Tortelly. No documento, o sindicato lembrou que a sala vermelha “foi aberta com cinco leitos e uma equipe multidisciplinar para atendimento de casos de urgência e emergência, mas que atualmente a unidade recebe até 20 pacientes para atendimento na mesma estrutura destinada a cinco pacientes, tornando inviável a realização de procedimentos médicos”. Ainda segundo o documento, devido à superlotação, alguns procedimentos são realizados no chão, o que é inaceitável.

Teto da unidade de saúde com buraco / foto: reprodução

E quem paga a conta do descaso é a população. O JORNAL POVO ouviu relatos de acompanhantes de pacientes do hospital, e alguns deles enfatizaram as negligências que acontecem na unidade. Um desses pacientes estava internado há pouco mais de duas semanas com quadro de diabetes e precisou ser levado ao coma induzido sem nem mesmo o setor de assistência social saber exatamente do que estava acontecendo e sem o conhecimento dos familiares. Esse paciente já estava com um quadro de sepse, que é um conjunto de manifestações graves em todo o organismo produzidas por uma infecção, hoje é mais conhecida como infecção generalizada.

Zélia da Conceição, de 70 anos, passou por algo parecido no hospital Carlos Tortelly. Ela esteve internada lá há pouco mais de 1 mês com problemas cardíacos, e também contraiu uma bactéria enquanto esteve no hospital. A TV Globo mostrou o caso no Bom Dia Rio da última terça-feira (11), e a justificativa da Prefeitura de Niterói é que a rede municipal de saúde não possui o antibiótico que é eficaz contra esse tipo de bactéria.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Niterói disse que o Hospital Carlos Tortelly atende a população de outras cidades da região metropolitana,  o que consequentemente aumento o número de internações, e por isso há superlotação. Sobre a infraestrutura, a Pasta disse que a unidade está dentro do orçamento do Plano Niterói 450 anos,  que  prevê a revitalização de toda a infraestrutura do local.

Confira a nota na íntegra:

“A Secretaria Municipal de Saúde de Niterói informa que o Hospital Municipal Carlos Tortelly (HMCT) é uma unidade de emergência clínica, com portas abertas, para moradores de Niterói e outros municípios da região. Houve um aumento do número de internações na unidade, o que pode gerar lotação. O HMCT faz parte das unidades que irão receber investimento de obra e reforma dentro do Plano Niterói 450 anos, com adequação de toda a infraestrutura do local. No momento a obra do telhado está em fase de finalização”.

 

GALERIA DE FOTOS