
Após uma volta para casa conturbada, passageiros dos trens ainda enfrentam transtornos nesta sexta-feira (21), com a circulação suspensa nos trechos entre Central do Brasil e Gramacho, Gramacho e Saracuruna, Vila Inhomirim e Guapimirim. Por volta das 16h desta quinta-feira (20), a falta de energia nas proximidades da Penha, Zona Norte, interrompeu a operação do ramal Gramacho-Saracuruna e das extensões. A paralisação já dura cerca de 19 horas e afeta, aproximadamente, 30 mil usuários, que utilizam o transporte no pico da manhã.
De acordo com a SuperVia, concessionária responsável pelo serviço de trens no estado, neste momento, todas a 37 estações a partir de Manguinhos, na Zona Norte do Rio, incluindo das extensões Guapimirim e Vila Inhomirim, estão fechadas e não há previsão de retorno das viagens. Somente os terminais da Central do Brasil, São Cristóvão, Maracanã e Triagem seguem abertos, por se tratarem de integração com outros ramais. “Técnicos trabalham para restabelecer o serviço”, informou a empresa.
Passageiros usaram as redes sociais nesta manhã para se queixar sobre a situação. “Ramal Gramacho-Saracuruna continua fechado por falta de energia! Estações estão fechadas, muita humilhação para os trabalhadores que pagam e não têm serviço adequado”, lamentou um. “Ramal Gramacho ainda fora de circulação, não acredito. E vamos de me atrasar”, desabafou outro. “Sextou sem trem no ramal Gramacho.
Valeu SuperVia! R$ 7,40, hein”, ironizou mais um.
Por conta da paralisação, os usuários precisaram recorrer aos ônibus e veículos por aplicativo para se deslocarem. A esteticista de pets Janete Monteiro, de 28 anos, afirmou que ao invés de pegar o trem como de costume, teve que utilizar três conduções para conseguir chegar ao trabalho. “Segundo dia sem trem em Saracuruna, eu tive que pegar um ônibus para Caxias, de Caxias pegar um ônibus para o Méier e de lá pegar um para o Engenho Novo. É um dia que já começa ruim, sem trem, pagar passagem do bolso, pagar vários ônibus ou pagar um Uber. Espero que essa situação se resolva logo”, afirmou Janete.
A empregada doméstica Margarida da Silva Cardoso, 59, relatou que para voltar para casa ontem, precisou pegar dois ônibus e, na manhã de hoje, não conseguiu chegar ao trabalho. “Ontem saí do trabalho às 15h e quando chegou em Triagem, o trem retornou de ré para o Maracanã. Eu tive que descer no Maracanã, andar uma reta sem conhecer nada, embarquei em um ônibus para Caxias e de lá tive que embarcar em outro ônibus para casa. Hoje saí para trabalhar, mas como não teve trem, voltei para casa e perdi meu dia de trabalho, já que o trabalho dá apenas a passagem do trem”, contou.
Também usando os trens diariamente para ir trabalhar, o gestor de logística Douglas Mendonça, de 35 anos, afirmou que os problemas no ramal Saracuruna são frequentes. “Infelizmente, os problemas na SuperVia são diários, são atrasos, lotação, falta de informação, enfrentamos diariamente estações sem acessibilidade, sem banheiros, sem segurança. Mas hoje a Surpevia se superou, estamos há mais de 16 horas sem circulação de trens. As cobranças devem ser levadas ao Estado, cobrando da Secretaria de Transportes e da Agetransp uma ação mais enérgica com a Supervia”, desabafou.
A Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor) informou que, por conta da paralisação do serviço dos trens “as empresas de Caxias já reforçaram a operação das linhas intermunicipais” e que “há planos preparados para situações de emergência”. Ainda segundo a SuperVia, o ramal Deodoro – Santa Cruz, entre a Central e Santa Cruz, tem intervalo médio de 15 minutos; o Japeri, entre Central e Japeri, de 10 minutos; e o Belford Roxo, tem partidas em média a cada 24 minutos.
Procurada, a Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários, Metroviários e de Rodovias do Rio (Agetransp) informou que abriu um boletim de ocorrência para apurar as circunstâncias da falha de energia no ramal de Saracuruna, causado por um cabo de rede aérea partido, na altura da estação da Penha, e que acompanha o trabalho de manutenção desde ontem, com uma equipe técnica no local.
“A apuração feita pela Agetransp aborda as circunstâncias da ocorrência, como a análise das condições de todos os meios, sistemas e equipamentos envolvidos, a adequação do atendimento prestado aos usuários e das medidas adotadas pela operadora para restabelecer o ramal”, informou a Agetransp que disse ainda que o impacto para a operação do serviço também é um dos aspectos avaliados.