Jornal Povo

Ronnie Lessa pesquisou CPF de Marielle Franco e da filha, diz promotor

Justiça condena Ronnie Lessa por destruição de provas do caso Marielle - Folha PE

O promotor da Força Tarefa Tarefa Marielle e Anderson (FT-MA) Eduardo Martins, do MPRJ, afirmou durante coletiva de imprensa na manhã desta segunda-feira (24) que Ronnie Lessa fez buscas em um site de crédito para obter CPF de Marielle Franco e da filha da parlamentar e o endereço da vítima. Ele acrescentou que o ex-bombeiro Maxwell, o Suel, e Ronnie Lessa ajudavam financeiramente a família do Élcio Queiroz até os dias atuais.

O endereço pesquisado, no entanto, não era mais residido por Marielle. A Polícia Federal (PF) avançou e descobriu a forma de pagamento feita por Ronnie para essas pesquisas , feitas dois dias antes do crime. Élcio fou acionado somente para o serviço.
Na manhã desta segunda-feira (24/7), a Polícia Federal e o Ministério Público do Rio de Janeiro deflagraram a Operação Élpis, primeira fase da investigação que apura os homicídios da Vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, além da tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves. A coletiva foi realizada na Superintendência da PF, na Praça Mauá.
Representantes da PF e do MPRJ falam da operação Élpis

Foram cumpridos um mandado de prisão preventiva contra Maxwell e sete mandados de busca e apreensão, na cidade do Rio de Janeiro e região metropolitana. Na casa do ex-bombeiro foram apreendidas armas de fogo. Foram encontradas provas contundentes contra ele pela vigília da vítima e depois a descarta de provas. Junto com Ronnie Lessa, Suel mantinha a família de Élcio e ajudava a pagar a defesa no processo. O dinheiro, segundo os investigadores, vinha de atividades ilícitas da milícia.

Das seis pessoas intimadas, somente Denis Lessa, irmão de Ronnie, e Edilson Barbosa, conhecido como ‘Orelha’, foram ouvidos pela manhã. Denis foi indiciado por favorecimento pessoal. A esposa de Márcio, não identificada, vai prestar esclarecimentos durante a tarde. Dois responsáveis pelo vazamento de uma operação em 2019 e um homem acusado de receber a arma do crime no dia 16 de março estão entre os alvos de mandado de busca e apreensão.
Edilson Barbosa foi indiciado pelo desmanche em 16 de março do carro utilizado no crime.
João Paulo Vianna dos Santos Soares, conhecido como Gato do Mato está entre os alvos por ter recebido a arma do crime no dia 16.
Na operação foram apreendidos aparelhos celulares, armas supostamente legalizadas, veículo e outros bens.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou durante coletiva de imprensa nesta segunda-feira (24) que Operação Élpis, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e pelo MPRJ se desdobrou de uma colaboração premiada realizada entre 15 e 20 dias atrás por Élcio de Queiroz, preso por ter conduzido o carro durante a execução da vereadora. Dino afirmou que a delação foi homologada pela justiça.
“Nós tivemos uma colaboração premiada do senhor Élcio Queiroz. A delação resultou na operação de hoje no Rio de Janeiro. E revelou a participação de um terceiro indivíduo, o sr. Maxwell. Também confirmou a participação dele próprio [Élcio] e do Ronnie Lessa. Foi a conclusão de uma fase da investigação com a conclusão de tudo que aconteceu na execução do crime”, afirmou Dino.
O ministro ressaltou que a narrativa de Élcio convergiu com aspectos colhidos pela PF e apontou outras pessoas como copartícipes. “Há um avanço, uma espécie de mudança de patamar. Há elementos para um novo patamar, qual seja a identificação dos mandantes do crime. Há aspectos em segredo de Justiça. Nas próximas semanas haverá novas operações derivadas desse conjunto de provas colhido no dia de hoje.

No dia 10 de junho de 2020, Maxwell Simões Correa foi preso e acusado de obstruir as investigações sobre a execução de Marielle e de Anderson. A prisão foi na Operação Submersus 2, deflagrada naquele dia pelo MPRJ, Corregedoria do Corpo de Bombeiros e Delegacia de Homicídios da Capital (DH).

Na época, também a promotora do MPRJ, Simone Sibilio, que respondia pela investigação do caso no órgão, afirmou, em entrevista na porta da DH, na Barra da Tijuca, que Correa foi proprietário do carro utilizado para ocultar um arsenal de armas de Ronnie Lessa, acusado de ser o executor da vereadora.

A ministra da Igualdade Racial e irmã de Marielle Franco, Anielle Franco, afirmou nesta segunda-feira (24) que confia na PF e voltou a indagar sobre o mandante das mortes: “Reafirmo minha confiança na condução da investigação pela PF e repito a pergunta que faço há 5 anos: quem mandou matar Marielle e por quê?”

No instagram, o presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), Marcelo Freixo, também falou sobre a primeira fase da investigação da PF e parabenizou os agentes pela prisão. “Esse é mais um passo importante para descobrir quem mandou matar Marielle Franco. Eu e Marielle começamos a trabalhar juntos todos em 2006, quando me candidatei a deputado estadual pela primeira vez. E sempre enfrentamos juntos a máfia que comanda o RJ.”

Os assassinatos de Marielle e Anderson completaram cinco anos em 2023 sem respostas sobre o mandante do crime. Os dois foram mortos no dia 14 de março de 2018. Em fevereiro desse ano, o ministro da Justiça, Flávio Dino, determinou que a PF abrisse um inquérito paralelo para auxiliar as autoridades fluminenses.

Nas investigações da Polícia Civil, o avanço mais consistente no caso aconteceu em março de 2019, quando Élcio de Queiroz e Ronnie Lessa foram presos no Rio de Janeiro. O primeiro é acusado de ter atirado em Marielle e Anderson, o segundo, de dirigir o carro usado no assassinato. Quatro anos depois, eles continuam presos, mas não foram julgados. Os dois estão em penitenciárias federais de segurança máxima.

Ronnie foi condenado a 13 anos, 6 meses e 22 dias pela posse de 117 fuzis e farta munição, que foram encontrados na casa do seu amigo Alexandre Motta de Souza na semana de sua prisão. A apreensão é a maior já realizada no estado do Rio de Janeiro. Os fuzis, sem os canos, estavam desmontados dentro de caixas.