Jornal Povo

Lápides de cemitérios são usadas para preencher buracos em rua de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense

Em Duque de Caxias, no bairro Barão do Amapá, quem mora na via que é conhecida como Rua da Petrobras diz que sempre conviveu com buracos no local. Para resolver o problema, os buracos foram tapados com lápides de cemitério e pedaços de mármore. Ninguém sabe quem colocou o material ali.

Várias lápides quebradas registram nomes de pessoas, com datas de nascimento e morte. Elas estão espalhadas em vários pontos da estrada.

O terreno é de responsabilidade da Transpetro. Segundo os moradores, o local está abandonado há muito tempo. Agora, eles estão preocupados com os perigos que o material pode trazer, principalmente para as crianças que ficam muito tempo na rua.

“A preocupação é de doença, infecções. Porque isso aí é impróprio para as crianças, que brincam, soltam pipa”, disse a entregadora Dayana Pereira.

A dona de casa Maria Cristina Antônia Aquino também reclama e aponta outros perigos.

” Ah eu não acho legal não, ficou pior e se passar um carro aqui, não é legal não”,

‘Necrochorume’

O ambientalista e especialista em Direito Ambiental Anderson Ribeiro explicou quais são os riscos de contato com o material da lápide dos cemitérios.

“Os cemitérios são locais de intensificação de vírus e bactérias que podem gerar um necrochorume. O necrochorume em contato com essas lápides e essas lápides retiradas do cemitério e sendo levadas a um local público podem afetar toda a saúde de uma população local. Além disso, esse material em contato com o solo pode fazer com que a água seja contaminada e isso pode gerar inúmeras doenças para esse mesmo local”, disse .

O descarte de material desse tipo no meio da rua é um crime ambiental previsto em lei, e quem faz isso pode ser condenado a até 5 anos de prisão. Necrochorume é um tipo de chorume produzido durante a decomposição dos cadáveres nos cemitérios.

Os moradores disseram que pediram que a prefeitura retirasse os pedaços de lápides do meio da rua, mas a resposta foi desanimadora.

“Eles falaram que tem que ser com a Petrobras, porque aqui é área da Petrobras e eles não podem mexer”, contou Dayana.

A prefeitura de Duque de Caxias disse que não foi responsável por colocar os restos de lápides no local. A Polícia Civil disse que o caso não foi registrado na delegacia, e orientou que os moradores façam a denúncia.

A Petrobras disse que o terreno pertence à Transpetro. Já a Transpetro disse que faz vistorias periódicas nas faixas de dutos e que dialoga com os moradores sobre denúncias de lixo no local.

A Transpetro afirmou ainda que mandou uma equipe verificar a situação, e que a limpeza está prevista para ocorrer nesta quinta-feira (20).