Quatro de seis parlamentares votaram pela absolvição

A Comissão de Ética da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) formou maioria para o arquivamento do processo ético-disciplinar enfrentado pela deputada Lucinha (PSD), suspeita de envolvimento com a milícia que atua na Zona Oeste. A sessão começou por volta de 14h30 desta quinta-feira (20) e transcorreu sob sigilo.
Os deputados que entenderam que não houve quebra de decoro parlamentar foram: Vinícius Cozzolino (União Brasil), Renato Miranda (PL), Cláudio Caiado (PSD) e Júlio Rocha (Agir). Contra Lucinha, votaram Martha Rocha (PDT) e Dani Monteiro (Psol).
“O nosso voto foi pela cassação do mandato. Não cabe a nós aferir o cometimento de crime por parte da deputada, mas há, muito nitidamente, uma relação íntima dela com a organização criminosa. Essa aproximação confere a ambos os lados um tráfico de informação e de beneficiar ambos os lados. Ao nosso ver, não é claro se a deputada tem um cargo na organização, qual o tamanho do cargo, quais atribuições, mas é nítido o benefício de ambas as partes”, explicou Dani Monteiro.
Na segunda-feira (17), o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou a deputada e sua ex-assessora parlamentar, Ariane Afonso Lima, sob a acusação de integrarem a milícia chefiada por Luis Antonio da Silva Braga, o Zinho. De acordo com as investigações, as duas faziam parte do núcleo político da organização criminosa.
Lucinha chegou a ser afastada do cargo no fim de 2023, mas retornou em fevereiro deste ano por decisão de seus colegas. No último dia 7, a deputada entregou suas alegações finais e, no início deste mês, prestou depoimento durante 1h40 para se defender na Alerj em sessão fechada para imprensa.
A parlamentar de 63 anos seria, segundo a Polícia Federal, o braço político da milícia de Zinho, preso em dezembro de 2023, que atua em ao menos 13 bairros do Rio.
De acordo com o MPRJ, em julho de 2021, Lucinha e a ex-assessora forneceram ao grupo informações privilegiadas relacionadas à agenda de visitas do prefeito do Rio, Eduardo Paes, à Zona Oeste. Isso permitiu que os milicianos retirassem seus integrantes das ruas das localidades dominadas pela organização criminosa.
Houve, também, segundo o MP, tentativa de interferência junto ao prefeito e demais autoridades municipais para que fosse mantida a chamada ‘Brecha da P5’ no transporte público alternativo municipal, maior fonte de obtenção direta de recursos da milícia. Dessa forma, o grupo poderia explorar o serviço fora do itinerário determinado, aumentando a arrecadação das vans.