
Uma mãe usou as suas redes sociais, na tarde desta quinta-feira (4), para acusar policiais militares de racismo após uma abordagem a adolescentes negros e estrangeiros, de 13 e 14 anos, ocorrida em Ipanema, na Zona Sul do Rio. Uma câmera de segurança gravou os agentes saindo da viatura armados.
Segundo Rhaiana Rondon, seu filho estava junto com três amigos, todos negros, na Rua Prudente de Morais, por volta das 20h desta quarta-feira (3), quando o grupo foi abordado pelos policiais de forma truculenta. O quarteto foi ao local deixar um quinto adolescente em seu prédio.
Uma câmera do edifício gravou a chegada dos PMs em uma viatura. Dois agentes param o carro e descem já apontando as armas para os jovens. Os policiais mandam o grupo encostar na parede e revistam cada um. Eles só foram liberados após o filho de Rhaiana, um adolescente branco, dizer que eles moram em Brasília e que estão no Rio a turismo.
“Uma viagem de férias, planejada há meses por quatro amigos. Com destino ao Rio, quatro adolescentes de 13 e 14 anos, acompanhados dos avós de um deles, experienciaram a pior forma de violência. Voltando para casa em Ipanema, foram deixar uma amigo na porta de casa quando foram abruptamente abordados por policiais militares armados e, sem perguntar nada, encostaram os meninos no muro do condomínio. Três, dos quatro adolescentes, são negros. Com arma na cabeça e sem entender nada, foram violentados e obrigados a tirar os casacos”, contou Rondon.
Ao serem questionados, os adolescentes negros não entenderam as perguntas porque são estrangeiros filhos de diplomatas. Rhaiana ainda disse que os PMs disseram para que os jovens tomassem cuidado quando andassem na rua, pois seriam abordados novamente. De acordo com ela, a atitude dos agentes evidencia o racismo.
“Após ‘perceberem’ o erro, liberaram os meninos, mas antes alertaram as crianças que não andassem na rua, pois seriam abordadas novamente. As imagens, os testemunhos e o relato são claros. Não há dúvida: a abordagem foi racial e criminosa. Há anos frequentamos o Rio e nunca presenciei nada parecido no quadradinho privilegiado de Ipanema com meus filhos. É um lugar aparentemente seguro. Depende pra quem! Antes da viagem, fiz inúmeras recomendações, alertas e conselhos de mãe preocupada: ‘Não ande com o celular na mão, cuidado com a mochila, não fiquem de bobeira sozinhos’. Pensei em diversas situações, mas jamais que a polícia seria a maior das ameaças”, comentou.