Nesta terça-feira (13), a Polícia Civil do Rio de Janeiro, por meio da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), deu início a uma operação de grande escala contra a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio. A ação tem como principal objetivo a demolição de um condomínio irregular composto por mais de 40 imóveis construídos pelo crime organizado na comunidade Parque União.
A operação, que conta com o apoio da Polícia Militar (PM), do Ministério Público (MPRJ) e da Secretaria de Ordem Pública (Seop), mobilizou blindados e equipes do Comando de Operações Especiais (COE) para garantir a segurança e estabilização da área enquanto as demolições são realizadas. Imagens que circulam nas redes sociais mostram a presença maciça das forças de segurança na região.
As construções irregulares, algumas com até seis pavimentos, estavam ainda em fase de alvenaria e se encontravam desocupadas. Esses imóveis foram erguidos sem a devida autorização da Prefeitura, sem acompanhamento técnico, e já haviam sido notificados pela Seop no início de julho, após outra ação da DRE.
O MPRJ, por meio da Força-Tarefa de Enfrentamento à Ocupação Irregular do Solo Urbano e do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/FT-OIS), também participa da operação. Esses órgãos investigam possíveis crimes ambientais e a participação de membros de organizações criminosas, visando responsabilizar criminalmente os envolvidos nas construções irregulares.
As investigações revelaram que o Parque União tem sido utilizado há anos como uma base para a lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas, controlado pela facção Comando Vermelho (CV). As construções, iniciadas em 2017, são consideradas de alto padrão e há indícios de envolvimento de funcionários de órgãos representativos locais, incluindo a Associação de Moradores.
O chefe da comunidade, Jorge Luís Moura Barbosa, conhecido como Alvarenga, é apontado como o principal articulador dessas atividades. Alvarenga, que integra o Conselho do CV, possui 86 anotações criminais e é alvo de 175 inquéritos policiais. Ele é acusado de participar de decisões estratégicas da facção, como invasões de territórios rivais e exploração econômica ilegal.
A operação é uma tentativa das autoridades de desmantelar a infraestrutura do tráfico na região, limitando o poder econômico e territorial da facção que domina o Complexo da Maré.