Jornal Povo

Operação para Demolição de Imóveis de Luxo na Maré Continua pelo Segundo Dia Consecutivo

Rio de Janeiro, 20 de agosto de 2024 — A Polícia Civil e a Secretaria de Ordem Pública continuam, nesta terça-feira, a operação de demolição de um condomínio de luxo com mais de 40 imóveis irregulares, construídos pelo crime organizado no Parque União, no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio. Esta é a quarta fase de ações voltadas ao combate à lavagem de dinheiro do tráfico de drogas na região.

A operação começou nas primeiras horas da manhã, e, de acordo com o Instituto Fogo Cruzado, tiros foram ouvidos na área por volta das 6h40. As investigações conduzidas pela Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) revelaram que o Parque União tem sido utilizado há anos para a construção de empreendimentos com o objetivo de lavar o dinheiro proveniente do tráfico. Há indícios de que funcionários de órgãos públicos estejam envolvidos no esquema.

Devido à complexidade do local, a demolição está sendo realizada manualmente, uma vez que as máquinas não conseguem acessar o condomínio, cercado por outras construções habitadas. Até agora, 11 prédios, totalizando cerca de 70 unidades, já foram descaracterizados. A operação também conta com o apoio da Polícia Militar.

Engenheiros da prefeitura estimam que as demolições causaram um prejuízo de R$ 30 milhões aos responsáveis pelas construções. No dia anterior, o serviço do BRT foi interrompido devido a protestos de moradores contrários às derrubadas. Manifestantes bloquearam a Avenida Brigadeiro Trompowski e tentaram fechar a Linha Vermelha. Durante essa ação, mais de 800 kg de drogas, armamentos, rádios transmissores, bloqueadores de sinal de GPS e materiais roubados, como 500 caixas de produtos de beleza e galões de tinta, foram apreendidos.

Na última terça-feira (13), as autoridades localizaram imóveis de luxo usados por traficantes, incluindo duas coberturas avaliadas em R$ 5 milhões cada. Uma delas contava com dois andares, acabamento de alto padrão, e uma área de lazer com piscina e churrasqueira. Outro imóvel, um quadriplex, possuía jacuzzi, piscina com cascata e uma adega com dezenas de caixas de vinho e champanhe.

A maioria das construções, que chegavam a ter até seis pavimentos, ainda estava em fase de alvenaria e desocupadas. Essas edificações foram erguidas sem autorização da Prefeitura e sem a supervisão de um responsável técnico. A operação também revelou uma estratégia dos criminosos de colocar pessoas nas unidades habitacionais para simular ocupação e dificultar as demolições.