
“PRETO TEM QUE ENTRAR NO CHICOTE”
Alessandro Pereira de Oliveira, de 36 anos, que gravou um vídeo racista, tem vários registros policiais, entre ocorrências por ameaça, violação de domicílio, agressão, várias de estelionato, difamação, entre outras.
Como autor de 66 registros policiais, já passou quatro vezes pelo sistema prisional. Na última vez, ele recebeu benefício da saída temporária, mas não voltou e passou a ser considerado foragido. O homem é natural de Governador Valadares, local da maioria das ocorrências.
FORAGIDO
Segundo a Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp), Alessandro tinha dado entrada no sistema prisional desde a repercussão do vídeo. Ele ficou preso por menos de um mês entre julho e agosto de 2017, voltou a ser preso em janeiro de 2018 até 2019, depois ficou preso por um dia em setembro de 2022, antes de voltar a ser preso em 22 de setembro de 2022 até março deste ano.
No dia 26 de março, segundo a Sejusp, o homem teve benefício de saída temporária concedido pela Justiça e não retornou no prazo determinado, sendo registrado como fuga por abuso de confiança. Ele possui mandado de prisão em aberto.
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) acionou a Polícia Civil, durante o fim de semana, para apurar crime de racismo após o vídeo do funcionário de um bar de Belo Horizonte viralizar nas redes sociais. Na gravação, ele diz que “preto tem que entrar no chicote” e “tem que tomar água do vaso”, além de criticar a Lei Áurea, que acabou com a escravidão no Brasil em 1888.
O vídeo foi publicado nas redes sociais dele na última sexta-feira (18 de outubro). “Essa notícia desse crime grave, em tese praticado por esse homem, chegou ao nosso conhecimento através de movimentos sociais. Embora eu não estivesse de plantão, eu instaurei procedimento de notícia de fato na coordenadoria e já pedi providência à Decrin (Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência) e à promotoria de Justiça de Direitos Humanos”, afirmou Allender Barreto Lima, promotor de Justiça e coordenador de Combate ao Racismo e Todas as Outras Formas de Discriminação (CCRAD) do MPMG.
No vídeo, indignado, Alessandro chama a Princesa Isabel, que assinou a Lei Áurea para acabar com a escravidão no Brasil, de “maldita”, além de outras falas racistas. “É, rapaz. Trabalhar em bar não é fácil, não. Tem que aturar cada uma! Maldita Princesa Isabel, que assinou aquela Lei Áurea para acabar com a escravidão. Preto tem que entrar no chicote e no tronco mesmo, tem conversa não. Vê se preto tem razão pra reclamar de copo. Tem que tomar água do vaso essa desgraça. Falar para você, viu? Eu tinha que ter vivido na época dos barões, cortar essa raça toda no chicote, amarrar no tronco e chicote estalando no lombo. Amarrar na caixa de ferro e deixar o dia todo no sol esses demônios. Falar para você, viu? Tenho que aturar macaco aqui me enchendo o saco”, diz ele.