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CASO MARIELLE: MP BUSCARÁ PENA MÁXIMA PARA RÉUS CONFESSOS PELO ASSASSINATO DE VEREADORA

Ex-PMs Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, presos desde 2019 — Foto: Reprodução/Agência O Globo

AUDIÊNCIA NO 4º TRIBUNAL DO JÚRI DO RIO, SERÁ POR VIDEOCONFERÊNCIA

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) vai exigir ao Conselho de Sentença do IV Tribunal do Júri, a condenação máxima para os assassinos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. A pena de Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz pode chegar a 84 anos de prisão pelo crime que aconteceu em março de 2018. Eles serão julgados nesta quarta-feira (30), a partir das 9h.

Os dois foram denunciados pelo Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado para o Caso Marielle Franco e Anderson Gomes (Gaeco/FTMA) do por duplo homicídio triplamente qualificados, um homicídio tentado, e pela receptação do Cobalt utilizado no dia do crime, ocorrido em 14 de março de 2018. Ronnie e Elcio foram presos em março de 2019.

Ambos fizeram delação premiada com a Polícia Federal desde o ano passado para identificar os mandantes do crime. Lessa afirma que Chiquinho e Domingos Brazão, deputado federal e conselheiro do Tribunal de Contas do Rio, respectivamente, foram os mandantes. Para o Tribunal do Júri, foram selecionadas 21 pessoas comuns. Deste grupo, sete serão sorteadas na hora para compor, de fato, o júri.

Durante os dias de julgamento, os jurados ficam incomunicáveis e dormem em dependências restritas do Tribunal de Justiça do Rio. Para o julgamento, o MPRJ pretende ouvir sete testemunhas. A acusação contará com os depoimentos da única sobrevivente do atentado, a jornalista Fernanda Chaves, que estava no carro com a vereadora e o motorista, além de familiares das vítimas e dois policiais civis.

Marielle e seus algozes Lessa, Élcio, Suel e Macalé: ainda falta descobrir o chefão Foto: Reprodução/Renan Olaz/CMRJ

TRÂMITES

A previsão é de que o julgamento desta semana dure ao menos dois dias. Das nove testemunhas que deverão prestar depoimento, sete são indicadas pelo Ministério Público estadual, sendo elas a assessora Fernanda Chaves; a viúva de Anderson, Ágatha Reis; a mãe de Marielle, Marinete da Silva; a viúva da vereadora, Monica Benício; uma perita criminal; e dois agentes da Polícia Civil.

As outras duas são as da defesa de Ronnie Lessa. Já a defesa de Élcio de Queiroz desistiu dos depoimentos das testemunhas que havia requerido anteriormente. Os réus também serão ouvidos na audiência. Em seguida, os defensores dos réus e a acusação debatem o processo.

No plenário será permitido apenas os participantes do júri, por decisão do Juiz Gustavo Kalil, titular do 4º Tribunal do Júri. Antes definido para presidir o julgamento, Kalil será substituído pela juíza Lucia Glioche. Lessa, a partir do Complexo Penitenciário de Tremembé, em São Paulo; e Queiroz, do Complexo da Papuda, presídio federal em Brasília, participam por videoconferência.

Algumas testemunhas também podem participar de forma virtual da sessão do júri. O Juízo solicitou às partes envolvidas no processo que apenas compareçam em plenário as pessoas que efetivamente participarão do júri, a fim de evitar aglomeração e tumulto. O julgamento será transmitido ao vivo pelo canal do Tribunal de Justiça do Estado do Rio no YouTube.

O Fórum Central do Rio, em reunião realizada em setembro, onde foi escolhida a data do júri, a promotoria e as defesas optaram por desistir de tomar o depoimento do delegado Giniton Lages e do policial civil Marco Antônio de Barros Pinto. Eles constavam no rol de testemunhas. O encontro especial contou com representantes do juizado, do MP, além de assistentes de acusação e defesa dos réus.